APELO A CONTRIBUTOS/CALL FOR PAPERS
Dossiê: Género, educação e cidadania: conhecimento, ausências e (in)visibilidades
Coordenação:
Cristina C. Vieira – Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS 20), Portugal.
Teresa Alvarez – Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais (CEMRI)/Universidade Aberta, Portugal.
Joanna Ostrouch-Kaminska - Faculdade de Ciências Sociais, Universidade de Warmia e Mazury em Olsztyn, Polónia.
Data de submissão: 31 de maio de 2017 (a publicar em novembro de 2017)
A premência de se usar uma abordagem sensível ao género nos diferentes contextos e espaços educativos, formais e não formais, parece não carecer de grandes justificações, dadas as evidências da manutenção, e da reconfiguração, de desigualdades e de discriminações sexuais assentes no diferencial de poder entre mulheres em homens, em diferentes domínios. Em virtude das múltiplas pertenças das pessoas e das suas circunstâncias individuais e sociais, este diferencial de poder entre mulheres e homens, indissociável da interseccionalidade de características, coloca desafios nem sempre conscientemente desocultados e enfrentados por quem ensina e por quem aprende.
A educação formal e o sistema escolar, em particular, partilham, inevitavelmente, dos alicerces sexistas em que se fundamenta a desigualdade social entre mulheres e homens e que são comuns a todos os outros sistemas sociais, do mercado de trabalho e emprego à academia, da política à cultura. Como sublinha Nicole Mosconi (2009), os mecanismos sociais de género atuam dentro da escola da mesma forma como existem e atuam no conjunto da sociedade, o que permite explicar que as dinâmicas escolares, de discentes e docentes, proporcionem a vivência de experiências diferentes a rapazes e a raparigas. As aprendizagens de cada um dos sexos, quer em torno de conhecimentos, quer inerentes ao desenvolvimento de competências pessoais e sociais, consubstanciam, de forma dinâmica, performatividades e visões genderizadas de si, do outro e do mundo, a partir das quais se constroem, e se reconstroem, relações de poder entre os sexos persistentemente assimétricas. Estas dificilmente se alterarão se o conhecimento androcêntrico transmitido pela escola, aquele que é selecionado para ser ensinado e para ser aprendido, não for objeto de questionamento, renovação e atualização, tornando-se igualmente emancipador para raparigas e para rapazes (Alvarez e Vieira 2014).
A educação garante, entre outras, aprendizagens em torno de regras e padrões de convivência que condicionam as relações entre os sexos, configuradas e performativadas no quadro de uma cultura androcêntrica dominante. Esta constitui talvez um dos mais poderosos e invisíveis mecanismos de reprodução e de legitimação das desigualdades sociais entre homens e mulheres. A incorporação desta cultura androcêntrica, persistentemente hegemónica e presente nos diversos contextos, formais e não formais, de educação e de ensino, traduz-se em aprendizagens de subordinação, como lembra Marina Subirats (2016), assim como na ‘naturalização’ da diferenciação valorativa conferida a diferentes saberes e áreas científicas.
Não obstante o caminho já percorrido, fruto dos progressos sociais norteados pelas políticas internacionais ratificadas e integradas nas políticas públicas nacionais dos diferentes países, continua a constatar-se a atualidade da afirmação de Teresa Pinto (2007, 34) de que “a mudança não é, pois, algo que se produz de modo automático e natural à medida que as novas gerações vão crescendo e substituindo as anteriores. As conceções estereotipadas que associam as profissões próprias para os homens à sua função de ‘ganha‑pão’, isto é, de sustento da família, e as profissões adequadas às mulheres à sua função ‘maternal’, persistem na sociedade portuguesa e atravessam todas as gerações”.
Um ato educativo sensível ao género deve ser entendido, seguindo o pensamento de Edmée Ollagnier (2014), como a possibilidade de permitir às pessoas, que aprendem, uma igualdade “de acesso às oportunidades da vida” (p. 223). Sabe-se que esses trajetos pessoais são construídos desde muito cedo e que para os mesmos concorrem quer as aprendizagens feitas em contextos formais, como a escola, quer aquilo que se aprende em contextos não formais, da infância à idade adulta avançada, sendo que essas aprendizagens nem sempre mobilizam – por parte de quem aprende – uma intencionalidade, nem um sentido crítico capaz de avaliar os conteúdos aprendidos e o seu potencial impacto nas decisões pessoais em matérias diversas (Ostrouch-Kaminska e Vieira 2015).
A integração da igualdade entre mulheres e homens como um dos eixos estruturantes do sistema educativo, da educação de infância ao ensino pós-graduado, permanece um imperativo dos países europeus, apesar das diferenças nas políticas nacionais e o maior ou menor sucesso das iniciativas políticas de mainstreaming de género na educação. Estas têm naturalmente de abranger a formação, inicial e contínua, de profissionais de educação e implicam alterações profundas, quer no modo como as instituições educativas e de ensino cumprem a sua missão, quer na cultura organizacional que as carateriza, exigindo a renovação das suas relações de parceria com os diferentes stakeholders. É no quadro da educação para a cidadania das novas gerações, uma das atuais prioridades dos sistemas educativos e das próprias políticas, que Madeleine Arnout (2009) questiona o modo como a integração das temáticas de género responde aos desafios que, no século XXI, a globalização e uma nova visão holística dos direitos humanos têm vindo a colocar à democracia.
Este dossiê temático da revista ex æquo nº 36 pretende convocar diferentes abordagens sobre as relações entre as questões de género, as diferentes modalidades de educação e as variadas formas de experienciar e exercer direitos e deveres subjacentes a uma conceção plural de cidadania. Importa trazer para o debate perspetivas sobre práticas, espaços e agentes educativos que promovam a valorização, de igual forma, junto de mulheres e homens, das dimensões pública e privada da vida humana e a utilização partilhada e equilibrada, por elas e por eles, do tempo, do espaço e dos recursos disponíveis. Perante os desafios colocados por problemas emergentes dos nossos dias, complexificados pela intersecção de identidades e pertenças de indivíduos e grupos, torna-se premente que os sistemas educativos, os curricula da formação inicial e contínua de docentes e as políticas que regulam o domínio setorial da educação sejam capazes de dar respostas cabais às necessidades reais das pessoas (European Commission 2016).
O apelo a contributos para este dossiê temático convida à submissão de artigos de natureza teórica ou empírica de investigadores/as nacionais e internacionais, das diferentes áreas disciplinares direta ou indiretamente implicadas nas reflexões sobre o papel da educação, entendida, em sentido lato, como especificidade humana e como um “ato de intervenção no mundo”, fazendo uso das palavras de Paulo Freire (2000, 22). Serão muito bem-vindos trabalhos de investigação norteados por perspetivas feministas, no quadro dos estudos de género e estudos sobre as mulheres, em qualquer área do saber, de cariz disciplinar, interdisciplinar ou multidisciplinar.
Partindo de perspetivas construcionistas sobre a forma como as dinâmicas de género são negociadas nas relações sociais, sugere-se que sejam trazidos para o debate temas praticamente omissos da agenda da chamada ciência mainstreaming, assim como problemáticas habitualmente secundarizadas nas diversas áreas científicas, fruto da utilização de métodos de investigação tradicionais, de inspiração positivista (Järviluoma, Moisala and Vilkko 2003).
Não esgotando o leque de temas possíveis, sugerem-se os seguintes eixos temáticos:
- O lugar das questões de género na educação formal, da escolaridade obrigatória ao ensino pós-secundário: ambientes, interações pessoais e coletivas, dinâmicas organizacionais, utilização dos recursos.
- Género e cidadania: o papel do conhecimento científico na promoção da igualdade social entre mulheres e homens.
- Género, ciência e cultura académica: androcentrismo, cânones e saberes instituídos.
- Género e curricula em diferentes ciclos do sistema educativo: (in)coerências e divergências/convergências entre discursos e práticas educativas.
- Representações de género, hegemonias e diversidades: aprendizagens de subordinação e aprendizagens de domínio.
- Do sucesso escolar ao sucesso educativo e ao sucesso social de raparigas e rapazes.
- Paradigmas masculinos e paradigmas femininos na educação escolar: centralidades e marginalidades.
- Entre os mundos virtual e real: novos espaços informais e relações sociais de género.
- Problemáticas de género na formação inicial e contínua de docentes: o papel das instituições de ensino superior;
- Género e formação contínua de docentes: parcerias locais e dinâmicas regionais;
- Relações de género, educação e capacitação de pessoas ou grupos em situações de vulnerabilidade (ex., mulheres idosas com baixos níveis de literacia; mulheres ou homens migrantes; pessoas com deficiência e/ou necessidades educativas especiais).
- Género e transversalidade disciplinar: saberes disciplinares e competências transversais na formação de profissionais de educação.
Referências
Alvarez, Teresa e Cristina C. Vieira. 2014. O papel da educação no caminho que falta percorrer em Portugal na desconstrução dos estereótipos de género: breves reflexões. Exedra, 8-17. Disponível em: http://www.exedrajournal.com/wp-content/uploads/2014/12/sup14-8-17.pdf
Arnot, Madeleine. 2009. Educating the Gendered Citizen. Sociological engagements with national and global agendas. London: Routledge.
European Commission. 2016. Promoting citizenship and the common values of freedom, tolerance and non-discrimination through education: Overview of education policy developments in Europe following the Paris Declaration of 17 March 2015. Luxembourg: Publications Office of the European Union. Disponível em: https://webgate.ec.europa.eu/fpfis/mwikis/eurydice/images/1/14/Leaflet_Paris_Declaration.pdf
Freire, Paulo. 2000. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa (15ª ed.). São Paulo: Paz e Terra.
Järviluoma, Helmi, Pirkko Moisala, Anni and Vilkko. 2003. Gender and Qualitative Methods. London: Sage Publications. DOI: http://dx.doi.org/10.4135/9781849209199
Mosconi, Nicole. 2009. “Genre et pratiques scolaires: comment éduquer à l'égalité? ”, In Égalité filles-garçons à l'École: réalités et perspectives (actes), Ministère de l’Éducation National. Disponível em: http://eduscol.education.fr/cid47785/genre-et-pratiques-scolaires%C2%A0-comment-eduquer-a-l-egalite%C2%A0.html
Ollagnier, Edmée. 2014. Femmes et défis pour la formation des adultes. Un regard critique non-conformiste. Paris: L´Harmattan.
Ostrouch-Kaminska, Joanna, & Cristina C. Vieira. 2015 (Eds.). Private world(s). Gender and informal learning of adults. The Nertherlands: Sense Publishers. Disponível em: https://www.sensepublishers.com/media/2281-private-worlds.pdf
Pinto, Teresa. 2007. “Mulheres, Educação e Relações Sociais de Género: uma perspetiva histórica”, In A dimensão de género nos produtos educativos multimédia, editado por DGIDC, 31-46. Lisboa: DGIDC.
Subirats Martòri, Marina. 2016. “De los dispositivos selectivos en la educación: el caso del sexismo”. Revista de la Asociación de Sociología de la Educación (RASE) 9 (1): 22-36
Envio de artigos com escrupuloso cumprimento segundo normas apresentadas em http://www.apem-estudos.org/en/page/apresentacao-da-revista, até 31 de maio de 2017, ao cuidado de Cristina C. Vieira (Universidade de Coimbra), Teresa Alvarez (Universidade Aberta) e Joanna Ostrouch-Kaminska (Universidade de Mazury e Warmia em Olsztyn), para o endereço apem1991@gmail.com
Os textos que não respeitarem as normas quanto à extensão, à formatação e ao modo de citar e referenciar as fontes bibliográficas serão excluídos numa primeira triagem antes de serem submetidos a arbitragem. No prazo de quatro semanas após a data limite de receção, as/os autoras/es receberão a informação sobre os resultados da primeira triagem e a passagem à etapa seguinte, isto é, a submissão à arbitragem científica do texto. A data prevista de saída deste número é novembro de 2017.
Além das submissões para os dossiês temáticos, a ex æquo aceita permanentemente contributos para as secções de Estudos e Ensaios e Recensões.
Dossier: “Gender, education and citizenship: knowledge, absences and (in)visibilities”
Coordination:
Cristina C. Vieira – Faculty of Psychology and Educational Sciences, University of Coimbra and Centre for the 20th Century Interdisciplinary Studies, Portugal.
Teresa Alvarez – Centre of Studies on Migrations and Intercultural Relations/Open University, Portugal.
Joanna Ostrouch-Kaminska – Faculty of Social Sciences, University of Warmia and Mazury, Olsztyn, Poland.
Submission date: by 31 May 2017 (to be published in November 2017)
The pressure to use a gender-sensitive approach in the different educational contexts and spaces, whether they are formal or informal seems not to need great explanations, given the evidence of the maintenance and reconfiguration of inequalities and sexual discrimination, rooted in the power differential between men and women in different domains. Due to multiple identities of individuals and their personal and social circumstances, this power differential between men and women, which is inseparable of the intersectionality of characteristics, presents some challenges not always consciously revealed or dealt with by those who teach and by those who learn.
Formal education and, in particular, the school system inevitably share the sexist foundations on which social inequality between men and women are based, and that are common to all the other social systems, from labour market to university and from politics to culture. As Nicole Mosconi (2009) emphasised, the social mechanisms of gender act inside the school as well as they exist and act in the society as a whole. This allows to explain that the school dynamics of students and teachers provide different experiences to boys and girls.
The learning of each of the sexes, either around knowledge or inherent in the development of personal and social competences, identify, in a dynamic way, performances and gender visions of oneself, the other and the world, from which persistently asymmetrical power relations between the sexes are built and rebuilt. These relations will be unlikely to change if the androcentric knowledge conveyed by school, the one which is selected to be taught and leaned, is not subject to questioning, renovation and update, thus becoming also emancipator for girls and boys (Alvarez and Vieira 2014).
Education ensures, among other things, learning opportunities which revolve around rules and standards of interaction, that restrain the relationship between the sexes, configured and performed within the framework of a predominantly androcentric culture. This constitutes perhaps one of the most powerful and invisible mechanisms for reproducing and legitimizing social inequalities between men and women. The incorporation of this androcentric culture, persistently hegemonic and present in the different contexts, both formal and informal of education and teaching, translates into learning opportunities of subordination, as Marina Subirats (2016) reminds us, and the “naturalization” of how different value judgements are made on different knowledge and scientific areas.
Notwithstanding the path already taken, which results from social progress guided by national and international public policies ratified and integrated in the national public policies of different countries, the statement made by Teresa Pinto (2000, 34) remains current at the present time when she affirms that “change is not something that is produced naturally and automatically as new generations grow and replace the previous ones. The stereotyped conceptions that associate the jobs for men to their function of “breadwinner”, that is, the function of feeding the family, and the jobs for women to their “maternal” function, persist in the Portuguese society and cross all generations”.
Following the thought of Edmée Ollagnier (2014), a gender-sensitive educational act should be understood as the possibility to provide equality “of access to the opportunities of life” (p. 223) to those persons who are learning. It is known that these personal trajectories are built from very early on, and along the way they are formed via learning situations in formal contexts, such as in school, or in non-formal contexts, from childhood to late adulthood. These learning situations do not always mobilize within the learner a sense of intentionality, nor a critical awareness capable of evaluating the learned contents and its potential impact on the personal decision-making about different subjects (Ostrouch-Kaminska and Vieira 2015).
The integration of equality between men and women as one of the structuring axes in the educational system – from early childhood to post-graduate education – remains an imperative of the European countries, despite the differences in the national policies and the greater or lesser success of the political initiatives of gender mainstreaming in education. These initiatives must naturally embrace initial and continuous training of teaching professionals and imply substantial changes either in the way how educational and teaching institutions fulfil their mission or in their organizational culture, demanding their partnership with the different stakeholders. Within the framework of education for citizenship of new generations, which is one of the current priorities of educational systems and their politics, Madeleine Arnout (2009) questions how the integration of gender-related issues meets the challenges that, in the 21st Century, globalization and a new holistic perspective of human rights have been posing to democracy.
This thematic dossier selected by ex æquo Issue no. 36 wishes to discuss different approaches on the relationships between gender issues, the different modalities of education and the various ways to experience and exercise rights and duties which underlie a pluralist conception of citizenship. It is important to bring to the debate perspectives about practices, contexts and educational agents that promote, on equal terms for both men and women, the appreciation of public and private dimensions of human life and the shared and balanced use of time, space, and available resources by men and women. Before the challenges posed by current emergent problems, complicated by the intersection of identities and ownerships of individuals and groups of individuals, it is urgent that educational systems, the curricula in initial and continuous training of teachers and the politics that rule the sector of education are able to perfectly meet the real needs of the people (European Commission 2016).
The Call for Papers for this thematic dossier is an invitation to Portuguese and international researchers to submit theoretical or empirical articles from the different disciplines directly or indirectly associated with reflections on the role of education, understood in its broadest meaning as a human trait and as an “act of intervention in the world,” to use the words of Paulo Freire (2000, 22). Particularly welcome are those research works sustained by feminist perspectives, gender studies and women’s studies from any academic field, or disciplinary, inter-disciplinary or multi-disciplinary works.
Considering constructionist perspectives on the way how gender dynamics are negotiated in social relationships, we suggest that authors bring to the debate themes that are almost missing in the agenda of the so called mainstreaming science, as well as themes usually relegated to second place in the different scientific areas which result from the traditional research methods based on positivism ((Järviluoma, Moisala and Vilkko 2003).
Without limiting the range of possible themes for this dossier, the following thematic areas are offered for consideration:
- The place of gender issues in formal education, from mandatory schooling to post-secondary education: environments; personal and collective interactions; organizational dynamics; use of resources.
- Gender and citizenship: the role of scientific knowledge in the promotion of social equality between men and women.
- Gender, science and academic culture: androcentrism, canons and instituted knowledge.
- Gender and curricula in different cycles of the educational system: (in)coherencies and divergences/convergences between discourses and educational practices.
- Representations of gender, hegemonies, and diversities: subordination learning and dominance learning.
- From academic success to educational and social success of girls and boys.
- Masculine paradigms and feminine paradigms in school education: centralities and marginalities.
- Between the digital world and the real world: new informal spaces and gender social relations.
- Gender problematics in initial and continuous training of teachers: the role of higher education institutions
- Gender and continuous training of teachers: local partnerships and regional dynamics.
- Gender relations, education and empowerment of vulnerable persons or groups (e.g, illiterate older women; migrant men or women; people with disabilities and/or special educational needs).
- Gender and disciplinary crossover: disciplinary knowledge and cross competences in the training of education professionals.
References
Alvarez, Teresa e Cristina C. Vieira. 2014. “O papel da educação no caminho que falta percorrer em Portugal na desconstrução dos estereótipos de género: breves reflexões”. Exedra, 8-17. Available at: http://www.exedrajournal.com/wp-content/uploads/2014/12/sup14-8-17.pdf
Arnot, Madeleine. 2009. Educating the gendered citizen: Sociological engagements with national and global agendas. London: Routledge.
European Commission. 2016. Promoting citizenship and the common values of freedom, tolerance and non-discrimination through education: Overview of education policy developments in Europe following the Paris Declaration of 17 March 2015. Luxembourg: Publications Office of the European Union. Available at: https://webgate.ec.europa.eu/fpfis/mwikis/eurydice/images/1/14/Leaflet_Paris_Declaration.pdf
Freire, Paulo. 2000. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa (15ª ed.). São Paulo: Paz e Terra.
Järviluoma, Helmi, Pirkko Moisala, Anni and Vilkko. 2003. Gender and qualitative methods. London: Sage Publications. DOI: http://dx.doi.org/10.4135/9781849209199
Mosconi, Nicole. 2009. “Genre et pratiques scolaires: Comment éduquer à l'égalité? ”, In Égalité filles-garçons à l'école: Réalités et perspectives (actes), Ministère de l’Éducation National. Available at: http://eduscol.education.fr/cid47785/genre-et-pratiques-scolaires%C2%A0-comment-eduquer-a-l-egalite%C2%A0.html
Ollagnier, Edmée. 2014. Femmes et défis pour la formation des adultes: Un regard critique non-conformiste. Paris: L´Harmattan.
Ostrouch-Kaminska, Joanna, & Cristina C. Vieira. 2015, Eds. Private world(s): Gender and informal learning of adults. The Nertherlands: Sense Publishers. Available at: https://www.sensepublishers.com/media/2281-private-worlds.pdf
Pinto, Teresa. 2007. “Mulheres, educação e relações sociais de género: Uma perspetiva histórica”, In A dimensão de género nos produtos educativos multimédia, editado por DGIDC, 31-46. Lisboa: DGIDC.
Subirats Martòri, Marina. 2016. “De los dispositivos selectivos en la educación: El caso del sexismo”. Revista de la Asociación de Sociología de la Educación (RASE) 9 (1): 22-36.
Articles must strictly follow the norms presented at http://www.apem-estudos.org/en/page/apresentacao-da-revista and must be submited until 31 May 2017, addressed to Cristina C. Vieira (University of Coimbra), Teresa Alvarez (Open University) and Joanna Ostrouch-Kaminska (University Warmia and Mazury at Olsztyn), who are in charge of this thematic dossier, and sent to apem1991@gmail.com
Articles which do not comply with the aforementioned norms in terms of length, formatting, citations, or reference bibliographical resources will be excluded in a first stage of selection before they are subject to further review. Within four weeks after the submission deadline, the author(s) will receive information on the results of the first selection and which works will move on to the next stage, that is, the scientific review of the text. The expected publication date for this issue is November 2017.
In addition to submissions for its thematic dossiers, the call for papers concerning non-themed submissions to ex æquo for the sections of Studies, Essays, and Reviews is continuously open.
Llamada para el envío de manuscritos – Dossier Temático ex æquo, nº 36, 2017
GÉNERO, EDUCACIÓN Y CIUDADANIA: CONOCIMIENTO, AUSENCIAS Y (IN)VISIBILIDADES
Coordinadoras:
Cristina Coimbra Vieira – Facultad de Psicología y Ciencias de la Educación de la Universidad de Coimbra; Centro de Estudios Interdisciplinares del Siglo XX (CEIS 20), Portugal
Teresa Alvarez – Centro de Estudios de las Migraciones y Relaciones Interculturales (CEMRI) de la Universidad Abierta, Portugal
Joanna Ostrouch-Kaminska - Facultad de Ciencias Sociales, de la Universidad de Warmia y Mazury en Olsztyn, Polonia
Fecha para el envío de artículos: 31 de Mayo de 2017
(a publicar en noviembre de 2017)
La urgencia de la utilización del enfoque sensible al género en los distintos contextos y espacios educativos, formales y no formales, parece no necesitar de justificaciones dadas las evidencias del mantenimiento y reconfiguración de la desigualdad y de la discriminación sexuales que resultan de las diferencias de poder entre mujeres y hombres.
Las múltiples pertenencias personales y las circunstancias individuales y sociales que concurren para las diferencias de poder entre mujeres y hombres, haciendo las indisociables de la interseccionalidad de características, plantea desafíos que no siempre son conscientemente des ocultados y enfrentados por quien enseña y por quien aprende.
La educación formal y el sistema escolar en particular comparten, de modo inevitable, los fundamentos sexistas que explican la desigualdad social entre mujeres y hombres los cuales son comunes a todos los demás sistemas sociales, del mercado laboral y empleo a la academia, de la política a la cultura. Como destaca Nicole Mosconi (2009), los mecanismos sociales de género actúan en la escuela de la misma forma como existen y actúan en el conjunto de la sociedad. Esto contribuí para que las dinámicas escolares, en el seno del alumnado y del profesorado, proporcionen, a niñas y a niños, la vivencia de experiencias diferentes. Las aprendizajes de cada uno de los sexos, en torno a conocimientos tanto como al desarrollo de competencias personales y sociales, consubstancian, de forma dinámica, performatividades y visiones genderizadas de sí mismo, del otro y del mundo, a partir de las cuales se construyen, y se reconstruyen, relaciones de poder entre los sexos persistentemente asimétricas. Será difícil la alteración de estas relaciones si el conocimiento androcéntrico transmitido por la escuela – el conocimiento que es seleccionado para ser enseñado y para ser aprendido –, no es objeto de cuestionamiento, renovación, y actualización de modo a que tenga el mismo efecto emancipador en niñas y en niños (Alvarez e Vieira 2014).
La educación garante, entre otras, los aprendizajes en torno a las reglas y las normas de convivencia que condicionan las relaciones entre los sexos, configuradas y performativadas en el cuadro de la cultura androcéntrica dominante. Esta cultura constituye, tal vez, uno de los mecanismos más poderosos e invisibles de reproducción y de legitimación de las desigualdades sociales entre hombres y mujeres. La incorporación de esta cultura androcéntrica, persistentemente hegemónica, presente en los distintos contextos de educación y de enseñanza, formales y no formales, conlleva a aprendizajes de subordinación, como señala Marina Subirats (2016), así como a la ‘naturalización’ de la asimetría valorativa atribuida a los diferentes campos científicos.
A pesar de los progresos sociales, impulsados por las políticas públicas nacionales de los distintos países, sigue siendo actual la afirmación de Teresa Pinto (2007, 34) de que “la mudanza no es, pues, algo que se produce de modo automático y natural a medida que las nuevas generaciones van creciendo y substituyendo las anteriores. Las concepciones estereotipadas que asocian las profesiones propias para los hombres y su función de proveedor del sustento familiar y las profesiones adecuadas a las mujeres y a su función ‘maternal’ persisten en la sociedad portuguesa y atraviesan todas las generaciones”.
Un acto educativo sensible al género debe ser entendido, siguiendo el pensamiento de Edmée Ollagnier (2014), como la posibilidad de permitir a las personas, a las que aprenden, una igualdad “de acceso a las oportunidades de la vida” (p. 223). Sabemos que esos trayectos personales son construidos muy temprano y para ellos contribuyen no sólo los aprendizajes realizadas en contextos formales, como la escuela, sino también lo que se aprende en contextos no formales, de la infancia a la edad adulta avanzada. Estos aprendizajes no siempre movilizan – por parte de quién aprende – una intencionalidad ni tampoco un sentido crítico capaz de evaluar los contenidos aprendidos y su potencial impacto en las decisiones individuales, en distintos dominios (Ostrouch-Kaminska e Vieira 2015).
La integración de la igualdad entre mujeres y hombres como uno de los ejes estructurantes del sistema educativo sigue siendo un imperativo de los países europeos, apesar de las diferencias en las políticas nacionales y el mayor o menor suceso de las iniciativas políticas de mainstreaming de género en educación. Dichas políticas tienen que incluir la formación, inicial y continua, del profesorado y de otros grupos profesionales de educación e implican alteraciones profundas, tanto en el modo como las instituciones educativas y de enseñanza cumplen su misión, como en la cultura organizacional que las caracteriza, incluyendo la renovación de sus relaciones de colaboración con diferentes stakeholders. Es en el cuadro de la educación para la ciudadanía de las nuevas generaciones, una de las actuales prioridades de los sistemas educativos y de sus políticas específicas, que Madeleine Arnout (2009) cuestiona el modo como la integración de las temáticas de género responden a los desafíos planteados a la democracia, en el siglo XXI, por la globalización y por una nueva visión holística de los derechos humanos.
Este dossier temático de la revista ex æquo nº 36 tiene la intención de convocar distintos enfoques sobre la relación entre las cuestiones de género, las diferentes modalidades de educación y las diversas formas de ejercer derechos y deberes subyacentes a una concepción plural de la ciudadanía. Importa aportar al debate perspectivas sobre prácticas, espacios y agentes educativos que promuevan la igual valorización, junto de mujeres y de hombres, de las dimensiones, pública y privada, de la vida humana y la utilización compartida y equilibrada, por ellas y por ellos, del tiempo, del espacio y de los recursos disponibles.
En vista de los desafíos actuales, que se vuelvan más complexos con la intersección de identidades y pertenencias de los individuos y de los grupos, es imperioso que los sistemas educativos, los curricula de la formación, inicial y continua, del profesorado y las políticas que regulan el dominio sectorial de la educación puedan dar respuestas cabales a las necesidades concretas y reales de las personas (European Commission 2016).
La llamada para este dossier temático invita a la sumisión de artículos teóricos o empíricos, de investigadoras e investigadores, nacionales e internacionales, de las distintas áreas disciplinares, directa o indirectamente implicadas en las reflexiones sobre el papel de la educación entendida, en su sentido lato, como especificidad humana y como un “acto de intervención en el mundo”, utilizando las palabras de Paulo Freire (2000, 22). Se esperan los trabajos de investigación orientados por perspectivas feministas, en el cuadro de los Estudios de Género y Estudios sobre las Mujeres, en cualquiera área del saber, disciplinar, interdisciplinar o multidisciplinar.
Teniendo en cuenta la aplicación de las perspectivas construccionistas en la investigación sobre el modo como las dinámicas de género son negociadas en las relaciones sociales, se sugieren la introducción en el debate de temas casi omisos en la agenda de la llamada ciencia mainstreaming, así como de problemáticas que siguen siendo desvalorizadas en las distintas áreas científicas, como resultado, en grande parte, de la utilización de métodos de investigación tradicionales, de inspiración positivista (Järviluoma, Moisala and Vilkko 2003).
Se sugieren, aunque no de forma excluyente, los siguientes ejes temáticos:
- El lugar de las cuestiones de género en la educación formal, incluyendo la escolaridad obligatoria y la enseñanza pos secundaria: ambientes, interacciones personales y colectivas, dinámicas organizacionales, utilización de recursos.
- Género y ciudadanía: el papel del conocimiento científico en la promoción de la igualdad social entre mujeres y hombres.
- Género, ciencia y cultura académica: androcentrismo, cánones y saberes instituidos.
- Género y curricula en diferentes ciclos del sistema educativo: (in)coherencias y divergencias/convergencias entre discursos y prácticas educativas.
- Representaciones de género, hegemonías y diversidades: aprendizajes de subordinación y aprendizajes de dominio.
- Del suceso escolar al suceso educativo y al suceso social de niñas y de niños.
- Paradigmas masculinos y paradigmas femeninos en la educación escolar: centralidades y marginalidades.
- Entre el mundo virtual y el mundo real: nuevos espacios informales y relaciones sociales de género.
- Problemáticas de género en la formación inicial y continua del profesorado: el papel de las instituciones de enseñanza superior;
- Género y formación continua del profesorado: colaboraciones locales y dinámicas regionales;
- Relaciones de género, educación y capacitación de personas o de grupos en situación de vulnerabilidad (mujeres mayores iletradas; mujeres y/o hombres migrantes; personas discapacitadas y/o con necesidades educativas especiales).
- Género y transversalidad disciplinar: saberes disciplinares y competencias transversales en la formación de profesionales de educación.
Referencias
Alvarez, Teresa e Cristina C. Vieira. 2014. O papel da educação no caminho que falta percorrer em Portugal na desconstrução dos estereótipos de género: breves reflexões. Exedra, 8-17. Disponível em: http://www.exedrajournal.com/wp-content/uploads/2014/12/sup14-8-17.pdf
Arnot, Madeleine. 2009. Educating the Gendered Citizen. Sociological engagements with national and global agendas. London: Routledge.
European Commission. 2016. Promoting citizenship and the common values of freedom, tolerance and non-discrimination through education: Overview of education policy developments in Europe following the Paris Declaration of 17 March 2015. Luxembourg: Publications Office of the European Union. Disponível em: https://webgate.ec.europa.eu/fpfis/mwikis/eurydice/images/1/14/Leaflet_Paris_Declaration.pdf
Freire, Paulo. 2000. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa (15ª ed.). São Paulo: Paz e Terra.
Järviluoma, Helmi, Pirkko Moisala, Anni and Vilkko.2003. Gender and Qualitative Methods. London: Sage Publications. DOI: http://dx.doi.org/10.4135/9781849209199
Mosconi, Nicole. 2009. “Genre et pratiques scolaires: comment éduquer à l'égalité? ”, In Égalité filles-garçons à l'École: réalités et perspectives (actes), Ministère de l’Éducation National. Disponível em: http://eduscol.education.fr/cid47785/genre-et-pratiques-scolaires%C2%A0-comment-eduquer-a-l-egalite%C2%A0.html
Ollagnier, Edmée. 2014. Femmes et défis pour la formation des adultes. Un regard critique non-conformiste. Paris: L´Harmattan.
Ostrouch-Kaminska, Joanna, & Cristina C. Vieira. 2015 (Eds.). Private world(s). Gender and informal learning of adults. The Nertherlands: Sense Publishers. Disponível em: https://www.sensepublishers.com/media/2281-private-worlds.pdf
Pinto, Teresa. 2007. “Mulheres, Educação e Relações Sociais de Género: uma perspetiva histórica”, In A dimensão de género nos produtos educativos multimédia, editado por DGIDC, 31-46. Lisboa: DGIDC.
Subirats Martòri, Marina. 2016. “De los dispositivos selectivos en la educación: el caso del sexismo”. Revista de la Asociación de Sociología de la Educación (RASE) 9 (1): 22-36
El envío de los artículos deberá realizarse con escrupuloso cumplimiento de las normas presentadas en http://www.apem-estudos.org/en/page/submissao-de-artigos, hasta el 31 de Mayo para apem1991@gmail.com, al cuidado de Cristina C. Vieira (Universidad de Coimbra), Teresa Alvarez (Universidad Abierta) y Joanna Ostrouch-Kaminska (Universidad de Mazury y Warmia en Olsztyn).
Los textos que no respeten las normas en cuanto a extensión, formato y modo de citar y referenciar fuentes bibliográficas serán excluidos en una primera selección antes de ser sometidos a arbitraje. En el plazo de cuatro semanas tras de la fecha límite de recepción, las autoras y los autores recibirán información sobre los resultados de la primera selección y el paso a la siguiente etapa, es decir, al envío del texto para su revisión por pares (peer review). La fecha prevista para la publicación de este número especial es noviembre de 2017.
Además de los envíos para los dossiers temáticos, ex æquo acepta permanentemente contribuciones para las secciones de Estudios y Ensayos y Recensiones.
APPEL A CONTRIBUTIONS
Dossier: "Le genre, l'éducation et la citoyenneté: connaissance, absences et (in)visibilités"
Coordination
Cristina C. Vieira - Faculté de Psychologie et des Sciences de l’Education, Université de Coimbra et Centre d’Études Interdisciplinaires pour le XXe Siècle, Portugal.
Teresa Alvarez - Centre d'Études sur les Migrations et les Relations Interculturelles/Université Ouverte, Portugal.
Joanna Ostrouch-Kaminska - Faculté des Sciences Sociales, Université de Warmie et Mazurie, Olsztyn, Pologne.
Date de soumission : le 31 mai 2017 (à paraître en novembre 2017)
La nécessité d'utiliser une approche sensible au genre dans les différents contextes et espaces éducatifs, qu'ils soient formels ou informels, semble ne pas avoir besoin de beaucoup d'explications, étant donné la constatation de la persistance, de la reconfiguration des inégalités et de la discrimination sexuelle enracinées dans la différence de pouvoir entre hommes et femmes. En raison de la multiplicité d´identités des individus et de leurs circonstances personnelles et sociales, cette différence de pouvoir, qui est inséparable de l'intersectionnalité des caractéristiques, présente quelques défis qui ne sont pas toujours consciemment désoccultés ou traités par ceux qui enseignent et ceux qui apprennent.
L'éducation formelle et le système scolaire, en particulier, partagent inévitablement les fondements sexistes de l'inégalité sociale entre les hommes et les femmes qui sont communes à tous les autres systèmes sociaux, du marché du travail à l’académie, de la politique à la culture. Comme Nicole Mosconi (2009) a souligné, les mécanismes sociaux de genre agissent à l'intérieur de l'école de la même façon qu'ils existent et agissent dans l`ensemble de la société. Cela permet d'expliquer que les dynamiques scolaires, des étudiant-e-s et des enseignant-e-s, proportionnent des expériences différentes pour les garçons et les filles.
Les apprentissages de chacun des sexes, soit des connaissances, soit au niveau des compétences personnelles et sociales, mélangent, d'une manière dynamique, des performances et des visions gendrées de soi-même, des autres et du monde, à partir desquelles sont construites et reconstruites des relations de pouvoir asymétriques entre les sexes. Ces relations sont peu susceptibles de changer si les connaissances androcentriques véhiculées par l'école ne deviennent pas objet d'interrogation, de rénovation et de mise à jour, devenant ainsi aussi émancipateur pour les filles et les garçons (Alvarez et Vieira 2014).
L'éducation assure l’apprentissage des règles et des normes d´interaction qui conditionnent les relations entre les sexes, configurées et concrétisées dans le cadre d'une culture androcentrique dominante. Cette culture constitue l'un des plus puissants et invisibles mécanismes de reproduction et légitimation des inégalités sociales entre les hommes et les femmes. L'incorporation de cette culture androcentrique, qui demeure hégémonique et présente dans les différents contextes, formels et informels de l'éducation et de l'enseignement, conduit à des apprentissages de subordination, comme nous rappelle Marina Subirats (2016), et à la "naturalisation" de la façon dont les différents jugements de valeur sont effectués sur les différents domaines du savoir et des disciplines scientifiques.
Malgré le chemin déjà parcouru, résultant du progrès social sur l’orientation des politiques internationales ratifiées et intégrées dans les politiques publiques nationales des différents pays, la déclaration faite par Teresa Pinto (2000, 34) reste actuelle quand elle affirme que "le changement n'est pas quelque chose qui se produit naturellement et automatiquement au fur et à mesure que les nouvelles générations grandissent et remplacent les précédentes. Les conceptions stéréotypées, qui associent les emplois pour les hommes à leur fonction de ‘soutien de famille’ et les professions ‘appropriées’ aux femmes à leur ‘fonction’ maternelle, persistent dans la société portugaise et traversent toutes les générations".
Un acte éducatif sensible au genre devrait, selon la pensée de Edmée Ollagnier (2014), permettre aux apprenant-e-s une égalité "d´accès aux opportunités de la vie" (p. 223). On sait que ces trajectoires personnelles sont construites dès un très jeune âge, et tout au long de la vie, par les apprentissages formels, comme les scolaires, et non formels, qui ont lieu dès l'enfance jusqu´à l'âge adulte. Ces situations d'apprentissage ne mobilisent pas toujours, de la part de qui apprend, une intentionnalité, ni une conscience critique capable d'évaluer les contenus appris et son impact sur la prise de décisions personnelles sur des divers matières (Ostrouch-Kaminska et Vieira 2015).
L'intégration de l'égalité entre les hommes et les femmes comme l'un des axes structurants du système éducatif – dès la très jeune enfance à l'enseignement post-universitaire – reste un impératif des pays européens, malgré les différences dans les politiques nationales et le succès des initiatives politiques de l'intégration du mainstreaming de genre dans l'éducation. Ces initiatives doivent naturellement embrasser la formation initiale et continue des professionnels de l'enseignement et exige des changements profonds, soit dans la façon dont les institutions d'enseignement accomplissent leur mission, soit dans la culture organisationnelle qui les caractérise, exigeant la rénovation de leurs relations de partenariat avec des intervenants différents. Dans le cadre de l'éducation pour la citoyenneté des nouvelles générations, qui est l'une des priorités actuelles des systèmes éducatifs et des politiques éducatives, Madeleine Arnout (2009) questionne la manière dont l'intégration des questions relatives à l'égalité répond aux défis que, au XXIe siècle, la mondialisation et une nouvelle perspective globale des droits humains posent à la démocratie.
Ce dossier thématique choisi par ex æquo n° 36 souhaite discuter des plusieurs approches sur les relations entre les questions de genre, les différentes modalités de l'éducation et les distinctes manières de vivre et d'exercer les droits et les devoirs sous-jacents une conception pluraliste de la citoyenneté. Il est important d'apporter au débat des perspectives sur les pratiques, les espaces et les agents d'éducation qui favorisent et mettent en valeur, de la même façon, pour les hommes et les femmes, les dimensions publiques et privées de la vie humaine et l'utilisation partagée et équilibrée du temps, de l'espace et des ressources disponibles. Devant les défis posés par les problèmes émergents, complexifiés par l'intersection des identités et des appartenances des individus et des groupes, il est urgent que les systèmes éducatifs, les programmes de la formation initiale et continue des enseignant-e-s et les politiques qui régulent le secteur de l'éducation soient capables de répondre pleinement aux besoins réels des personnes (Commission Européenne 2016).
L'appel à soumission d´articles pour ce dossier thématique est une invitation aux chercheurs et chercheuses à soumettre des travaux théoriques ou empiriques des différentes disciplines, directement ou indirectement impliqué-e-s dans les réflexions sur le rôle de l'éducation, comprise dans son sens le plus large comme un trait humain et comme un "acte d'intervention dans le monde", en utilisant l'expression de Paulo Freire (2000, 22).
Les recherches soutenues par des perspectives féministes, dans le cadre des études de genre et études sur les femmes, concernant tous les domaines du savoir, universitaire, disciplinaire, interdisciplinaire ou multidisciplinaires, seront les bienvenues.
En tenant compte des perspectives constructionnistes sur la façon comme les dynamiques de genre sont négociées dans les rapports sociaux, nous suggérons la présentation des thèmes qui ont pratiquement disparus dans l'ordre du jour de la science mainstream, ainsi que des thèmes habituellement relégués au deuxième plan dans les différents domaines scientifiques résultant de méthodes de recherche traditionnelle, basées sur le positivisme (Järviluoma, Moisala, et Vilkko 2003).
Sans limiter l'éventail de thèmes possibles pour ce dossier, nous proposons les domaines thématiques suivants:
- La place des questions de genre dans l'éducation formelle, de l'école obligatoire à l'éducation postsecondaire: les environnements; les interactions personnelles et collectives; les dynamiques organisationnelles; l'utilisation des ressources.
- Genre et citoyenneté: le rôle des connaissances scientifiques dans la promotion de l'égalité sociale entre les hommes et les femmes.
- Genre, science et culture universitaire: androcentrisme, canons et savoirs institués.
- L'égalité des sexes et les programmes d'enseignement dans les différents cycles du système éducatif: (en)cohérences et divergences/convérgences entre discours et pratiques éducatives.
- Représentations du genre, des hégémonies et des diversités: l'apprentissage de la subordination et l’apprentissage du domaine.
- Du succès scolaire à la réussite éducative et la réussite sociale des filles et des garçons.
- Paradigmes masculins et paradigmes féminins dans l'enseignement scolaire: centralité et marginalité.
- Entre le monde virtuel et le monde réel: nouveaux espaces informels et rapports sociaux entre les sexes.
- Les problématiques de genre dans la formation initiale et continue des enseignant-e-s: le rôle des établissements d'enseignement supérieur.
- Le genre et la formation continue des enseignant-e-s: des partenariats locaux et des dynamiques régionales.
- Les relations entre les sexes, l'éducation et l'autonomisation de personnes ou groupes vulnérables (e.g, des femmes âgées analphabètes; des hommes ou des femmes migrants; des personnes handicapées et/ou à besoins éducatifs spéciaux).
- Le genre et la transversalité disciplinaire: les connaissances disciplinaires et compétences transversales dans la formation des professionnel-le-s de l'éducation.
Références
Alvarez, Teresa e Cristina C. Vieira. 2014. “O papel da educação no caminho que falta percorrer em Portugal na desconstrução dos estereótipos de género: breves reflexões”. Exedra, 8-17. Disponible à: http://www.exedrajournal.com/wp-content/uploads/2014/12/sup14-8-17.pdf
Arnot, Madeleine. 2009. Educating the gendered citizen: Sociological engagements with national and global agendas. London: Routledge.
European Commission. 2016. Promoting citizenship and the common values of freedom, tolerance and non-discrimination through education: Overview of education policy developments in Europe following the Paris Declaration of 17 March 2015. Luxembourg: Publications Office of the European Union. Disponible à: https://webgate.ec.europa.eu/fpfis/mwikis/eurydice/images/1/14/Leaflet_Paris_Declaration.pdf
Freire, Paulo. 2000. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa (15ª ed.). São Paulo: Paz e Terra.
Järviluoma, Helmi, Pirkko Moisala, Anni and Vilkko. 2003. Gender and qualitative methods. London: Sage Publications. DOI: http://dx.doi.org/10.4135/9781849209199
Mosconi, Nicole. 2009. “Genre et pratiques scolaires: Comment éduquer à l'égalité? ”, In Égalité filles-garçons à l'école: Réalités et perspectives (actes), Ministère de l’Éducation National. Disponible à: http://eduscol.education.fr/cid47785/genre-et-pratiques-scolaires%C2%A0-comment-eduquer-a-l-egalite%C2%A0.html
Ollagnier, Edmée. 2014. Femmes et défis pour la formation des adultes: Un regard critique non-conformiste. Paris: L´Harmattan.
Ostrouch-Kaminska, Joanna, & Cristina C. Vieira. 2015, Eds. Private world(s): Gender and informal learning of adults. The Nertherlands: Sense Publishers. Disponible à: https://www.sensepublishers.com/media/2281-private-worlds.pdf
Pinto, Teresa. 2007. “Mulheres, educação e relações sociais de género: Uma perspetiva histórica”, In A dimensão de género nos produtos educativos multimédia, editado porDGIDC, 31-46. Lisboa: DGIDC.
Subirats Martòri, Marina. 2016. “De los dispositivos selectivos en la educación: El caso del sexismo”. Revista de la Asociación de Sociología de la Educación (RASE) 9 (1): 22-36.