Género e linguagem: perspetivas e desafios
Eds:
Antónia Coutinho, CLUNL, Universidade NOVA de Lisboa, Portugal
Gabriele Diewald, Leibniz Universität Hannover, Alemanha
María Muelas Gil, Universidad Autónoma de Madrid, Espanha
PRAZO PARA A SUBMISSÃO DE ARTIGOS:
15 de janeiro de 2024 (a publicar em junho de 2024)
Resumo:
A problemática da linguagem inclusiva – não sexista, paritária ou sensível ao género – está instalada a nível social e político, com posicionamentos diversos (como acontece sempre que o status quo é abalado). Este facto não se restringe a uma língua ou a um país, em particular: é relevante em diferentes países ocidentais, seja qual for a língua considerada. A questão entrou também no campo científico, no âmbito da linguística ou das ciências da linguagem, com um dinamismo considerável a nível internacional, focando quer aspetos morfológicos e de história da(s) língua(s) quer questões relacionadas com os usos em discurso (veja-se, por exemplo, Cerquiglini 2019; Constantin de Chanay, Chevalier e Gardelle 2017; de Miguel 2022; Diewald and Steinhauer 2022; Diewald forthcoming; Rabatel and Rosier 2019). Em Portugal, no entanto, a discussão científica tem-se mantido reduzida (Coutinho 2021; Matos 2020), apesar das recomendações oficiais relativamente ao uso de linguagem inclusiva, nomeadamente na administração pública (de que dispomos desde 2009) e da publicação de inúmeros manuais de linguagem inclusiva. Os sinais de resistência fazem-se sentir, tanto do ponto de vista da sociedade como da comunidade linguística – a par de tomadas de posição que procuram e pressionam a mudança. Impõe-se, portanto, abrir espaço a uma reflexão fundamentada, do ponto de vista linguístico.
Há diferentes perspetivas a considerar. Em primeiro lugar, importa não confundir as noções de género gramatical, género social e sexo. Enquanto o género gramatical é uma propriedade formal que pode associar-se às línguas, o género social e o sexo são, em si mesmos, fatores independentes da língua – que, no entanto, interagem de diferentes formas com os fenómenos linguísticos. Em segundo lugar, convém sublinhar que, numa perspetiva interacionista social (Voloshinov, 1977 [1929]), as dimensões praxiológica e gnosiológica são parte integrante da forma como a linguagem intervém no social, permanentemente re(construindo) o mundo, ou o chamado ‘real’. Neste sentido, escolher dizer um mundo genericamente masculino ou escolher dizer um mundo inclusivo é uma escolha – uma decisão, mais ou menos consciente – de quem usa a linguagem, no momento em que a usa. É verdade que a norma – cumprindo naturalmente o papel de regulação que lhe cabe – funciona como travão a escolhas mais ou menos improváveis ou mesmo polémicas. Mas o poder de que se reveste não é certamente superior ao do dinamismo próprio da língua; e, consequentemente, à expectativa de que a descrição linguística seja capaz de dar conta desse mesmo dinamismo, como bem evidenciou Coseriu (1987, 23).
Deste ponto de vista, à resistência opõe-se a reflexão (meta)linguística e a investigação sustentada – suscetíveis de enquadrarem a experimentação e – se for caso disso, ou quando for caso disso – de registarem (sistematizarem, normalizarem) os usos (alguns usos) que podem hoje situar-se fora da norma.
É face a estas questões que se situa o presente número temático. Pretende-se trazer para a discussão argumentação científica que proporcione uma visão ampla e esclarecida da problemática em análise e, nessa mesma medida, contribua para apoiar, em termos práticos, a implementação e a operacionalização de estratégias de linguagem inclusiva linguisticamente sustentadas.
De forma não exaustiva, apontam-se algumas das orientações de trabalho que se enquadram nestes objetivos:
- discussão sobre as noções de linguagem paritária, linguagem não sexista, linguagem inclusiva, linguagem sensível ao género, gender-fair language;
- perspetivas linguísticas (linguística histórica, morfologia, análise do discurso, e.o.) que recuperem e demonstrem a plasticidade das línguas (ou a sua não imutabilidade);
- dados que permitam enquadrar linguisticamente, relativamente ao sistema e à norma, as estratégias em uso, alternativas ao masculino como neutro universal;
- descrição linguística que permita compreender quer as especificidades do sistema de cada língua relativamente às questões de género (gramatical) quer as soluções que no uso dessa mesma língua vão sendo encontradas e praticadas (eventualmente numa perspetiva contrastiva);
- inventariação de estratégias de ordem discursiva (formulação e reformulação, entre outras) como fatores de “des-naturalização”, relativamente aos usos habituais de linguagem sexista.
Esta lista não pretende ser exaustiva. Encoraja-se a apresentação de outras propostas que se enquadrem no tema do dossiê. Aceitam-se textos em português, inglês, espanhol e francês.
Referências Bibliográficas
Cerquiglini, Bernard. 2018. Le ministre est enceinte. Paris: Seuil.
Constantin de Chanay, Hugues, Yannick Chevalier e Laure Gardelle (dirs.) (2017), Mots, 113/2017 (Ecrire le genre). DOI. https://doi.org/10.4000/mots.22596
Coseriu, Eugenio. 1987. O homem e sua linguagem (2ª edição). Rio de Janeiro: Presença.
Coutinho, Antónia. 2021. “Identidades Textuais, Linguagem Inclusiva e (re)formulação”. In Reformuler, une question de genres? | Reformular, uma questão de géneros?, Edited by Driss Ablali, Matilde Gonçalves, and Fátima Silva, 51-65. Vila Nova de Famalicão. Edições Húmus. URL: http://hdl.handle.net/10362/140042
Diewald, Gabriele [forthcoming]. “Gender fair language in German”. In Language and Gender, Edited by Benjamin Fagard and Ana Margarida Abrantes. Lisboa: UCP Editora.
Diewald, Gabriele, e Anja Steinhauer. 2022. Handbuch geschlechtergerechte Sprache. 2. aktualisierte und erweiterte Auflage. Berlin: Duden.
de Miguel, Elena. 2022. “Lengua, norma y mundo: relaciones y puntos de fricción. A propósito del lenguaje inclusivo”. Puntoycoma 174: 5-30.
Matos, João. 2020. “Poderá uma língua natural sexista? Avaliação do impacto de informação gramatical e de estereótipos de género na compreensão de enunciados com sujeitos masculinos genéricos em Português Europeu”. Dissertação de Mestrado em Ciências da Linguagem, NOVA FCSH. URL: http://hdl.handle.net/10362/110814
Rabatel, Alain, e Laurence Rosier (coords). 2019. Le discours et la langue, tome 11.1 (Les défis de l'écriture inclusive).
Voloshinov, Valentin Nikoláievitch (1977), Le marxisme et la philosophie du langage (1st edition : 1929). Paris: Minuit.
DATAS IMPORTANTES
Data limite de submissão: 15 de janeiro de 2024
Notificação das decisões de aceitação: 31 de março de 2024
Data limite para receção da versão revista: 21 de abril de 2024
Data de publicação da revista: junho de 2024
Gender and Language: perspetives and challenges
Editors:
Antónia Coutinho, CLUNL, Universidade NOVA de Lisboa, Portugal
Gabriele Diewald, Leibniz Universität Hannover, Germany
María Muelas Gil, Universidad Autónoma de Madrid, Spain
DEADLINE:
15 JANUARY 2024 (to be published in June 2024)
Summary
The issue of inclusive, non-sexist, gender-equal or gender-sensitive language has taken hold at a social and political level, with different positions (as happens whenever the status quo is shaken). This development is not restricted to one particular language or to one particular country, but is relevant in many Western countries no matter which language is concerned. The issue has also entered the scientific field, within the scope of linguistics or language sciences, with considerable dynamism at the international level, focusing on both morphological aspects and the history of the language(s) as well as factors linked to discursive uses (see Cerquiglini 2019; Constantin de Chanay, Chevalier and Gardelle 2017; de Miguel 2022; Diewald and Steinhauer 2022; Diewald forthcoming; Rabatel and Rosier 2019; a.o.). In Portugal, however, scientific discussion has remained limited (Coutinho 2021; Matos 2020), despite extensive legislation which, at least since 2009, has recommended the use of inclusive language, particularly in public administration, and the publication of numerous inclusive language manuals. There are signs of resistance from both society and the linguistic community - as well as positions that seek and push for change. Therefore, we need to develop consistent thought, from a linguistic point of view, which is the target of this volume.
There are different perspectives to be considered. First, there is the distinction of several layers of analysis, in particular the distinction between the notions of grammatical gender, social gender, and sex. While grammatical gender is a formal property of (individual) languages, social gender, and sex per se are language-independent factors; however, they interact with linguistic phenomena in various ways. Second, it’s necessary to highlight that, from a social interactionist conception of language (Voloshinov, 1977 [1929]), the praxeological and gnosiological dimensions are part of the way in which language intervenes in the social, permanently re(constructing) the world, or the so-called 'real'. In this sense, choosing to say a generically masculine world or choosing to say an inclusive world is a choice, a more or less conscious decision - made by those who use language, at the moment they use it. It's true that the norm – naturally fulfilling its role of regulation – acts as a brake on more or less improbable or even controversial choices. But its power is certainly no greater than that of the dynamism of language itself. Consequently, it’s expected that linguistic description should be able to cope with that same dynamism – as Coseriu (1987, 23) has well shown.
From this point of view, resistance is opposed to (meta)linguistic reflection and sustained research - which can provide a framework for experimentation and – where appropriate, or when appropriate – record (systematize, standardize) the uses (some uses) that may today fall outside the norm.
This is the context of this thematic issue. The aim is to bring to the discussion scientific argumentation that provides a broad and enlightened view of the problem under analysis and, to the same extent, contributes to supporting, in practical terms, the implementation and operationalization of linguistically supported inclusive language strategies.
In a non-exhaustive way, a list of topics that fall within these objectives includes the following points:
- discussion of the notions of equal language, non-sexist language, inclusive language, gender-sensitive language, gender-fair language;
- linguistic perspectives (historical linguistics, morphology, discourse analysis, a. o.) that recover and demonstrate the plasticity of languages (or their non-immutability);
- data that allows the strategies in use to be linguistically framed with the system and the norm from a gender-sensitive language perspective;
- a linguistic description that allows one to understand both the specificities of the system of each language concerning gender (grammatical) issues and the solutions that are found and practiced in the use of that language (possibly from a contrastive perspective);
- inventorying discursive strategies (formulation and reformulation, among others) as factors of "de-naturalization" about the usual uses of sexist language.
This list is not intended to be exhaustive. Other proposals that fit the theme of the issue are encouraged. Texts will be accepted in Portuguese, English, Spanish and French.
References
Cerquiglini, Bernard. 2018. Le ministre est enceinte. Paris: Seuil.
Constantin de Chanay, Hugues, Yannick Chevalier and Laure Gardelle (dirs.) (2017), Mots, 113/2017 (Ecrire le genre). DOI. https://doi.org/10.4000/mots.22596
Coseriu, Eugenio. 1987. O homem e sua linguagem (2ª edição). Rio de Janeiro: Presença.
Coutinho, Antónia. 2021. “Identidades Textuais, Linguagem Inclusiva e (re)formulação”. In Reformuler, une question de genres? | Reformular, uma questão de géneros?, Edited by Driss Ablali, Matilde Gonçalves, and Fátima Silva, 51-65. Vila Nova de Famalicão. Edições Húmus. URL: http://hdl.handle.net/10362/140042
Diewald, Gabriele [forthcoming]. “Gender fair language in German”. In Language and Gender, Edited by Benjamin Fagard and Ana Margarida Abrantes. Lisboa: UCP Editora.
Diewald, Gabriele, and Anja Steinhauer. 2022. Handbuch geschlechtergerechte Sprache. 2. aktualisierte und erweiterte Auflage. Berlin: Duden.
de Miguel, Elena. 2022. “Lengua, norma y mundo: relaciones y puntos de fricción. A propósito del lenguaje inclusivo”. Puntoycoma 174: 5-30.
Matos, João. 2020. “Poderá uma língua natural sexista? Avaliação do impacto de informação gramatical e de estereótipos de género na compreensão de enunciados com sujeitos masculinos genéricos em Português Europeu”. Dissertação de Mestrado em Ciências da Linguagem, NOVA FCSH. URL: http://hdl.handle.net/10362/110814
Rabatel, Alain, and Laurence Rosier (coords). 2019. Le discours et la langue, tome 11.1 (Les défis de l'écriture inclusive).
Voloshinov, Valentin Nikoláievitch (1977), Le marxisme et la philosophie du langage (1st edition : 1929). Paris: Minuit.
IMPORTANT DATES
Submission deadline: January 15, 2024
Notification of acceptance decisions: March 15, 2024
Deadline for submission of the revised version by the authors: April 15, 2024
Publication date: June, 2024
Género y lenguaje: perspectivas y retos
Editoras:
Antónia Coutinho, CLUNL, Universidade NOVA de Lisboa, Portugal
Gabriele Diewald, Leibniz Universität Hannover, Alemania
María Muelas Gil, Universidad Autónoma de Madrid, España
FECHA PARA SUMISIÓN DE ARTÍCULOS:
15 ENERO 2024 (a publicar hasta junio de 2024)
Resumen
La cuestión del lenguaje inclusivo, no sexista o igualitario se ha establecido tanto a nivel social como político, con diferentes posturas en torno a él (como ocurre siempre que se cuestiona el status quo). Esta evolución no se limita a una lengua en particular ni a un país concreto, sino que es relevante en muchos países occidentales independientemente de la lengua de que se trate. La cuestión también ha llegado al campo científico, incluyendo el ámbito de la lingüística o ciencias del lenguaje, con un dinamismo considerable a nivel internacional, centrándose tanto en aspectos morfológicos, como en la historia de la(s) lengua(s) o en los usos discursivos (véase Cerquiglini 2019; Constantin de Chanay, Chevalier e Gardelle 2017; de Miguel 2022; Diewald y Steinhauer 2022; Diewald, en imprenta; Rabatel y Rosier 2019; entre otros). En Portugal, sin embargo, el debate científico sigue siendo limitado (Coutinho 2021; Matos 2020), a pesar de la amplia legislación que desde 2009, recomienda el uso del lenguaje inclusivo, en particular en la administración pública, y de la publicación de numerosos manuales de lenguaje inclusivo. Sigue habiendo resistencia tanto por parte de la sociedad como de la comunidad lingüística, así como posiciones que buscan e impulsan el cambio. Por tanto, es necesario desarrollar un pensamiento consistente desde el punto de vista lingüístico, y de ahí el objetivo de este volumen.
Es preciso considerar diferentes perspectivas. En primer lugar, los distintos niveles de análisis, en particular la distinción entre las nociones de género gramatical, género social y sexo. Mientras que el género gramatical es una propiedad formal de las lenguas (individuales), el género social y el sexo per se son factores independientes de la lengua; sin embargo, interactúan con los fenómenos lingüísticos de diversas maneras. En segundo lugar, es necesario destacar que, desde una concepción interaccionista social del lenguaje (Voloshinov, 1977 [1929]), las dimensiones praxeológica y gnosiológica forman parte de la manera en que el lenguaje interviene en lo social, re(construyendo) permanentemente el mundo, o lo llamado "real". En este sentido, usar una palabra en su forma de masculino genérico u otra opción inclusiva es una elección, una decisión más o menos consciente - tomada por quienes usan el lenguaje, en el momento en que lo usan. Es cierto que la norma -cumpliendo naturalmente su papel de regulación- actúa como freno antes estas elecciones menos frecuentes o que pueden ser incluso controvertidas. Sin embargo, su poder no es mayor que el del propio dinamismo de la lengua. En consecuencia, se espera que la descripción lingüística sea capaz de hacer frente a ese mismo dinamismo, como bien ha demostrado Coseriu (1987, 23).
Desde este punto de vista, la resistencia se opone a la reflexión (meta)lingüística y a la investigación robusta - que pueden proporcionar un marco para la experimentación y - en su caso, o cuando proceda - registrar (sistematizar, normalizar) los usos (o algunos de ellos) que hoy pueden quedar fuera de la norma.
Este es el contexto de este volumen. El objetivo es aportar a la discusión una argumentación científica que proporcione una visión amplia y esclarecedora del asunto en cuestión y, a su vez, contribuya a impulsar, en términos prácticos, la implementación y operacionalización de estrategias de lenguaje inclusivo con apoyo lingüístico.
De forma no exhaustiva, la lista de temas que entran dentro de estos objetivos incluye los siguientes puntos:
- Debate sobre las nociones de lenguaje igualitario, lenguaje no sexista, lenguaje inclusivo, lenguaje sensible al género, lenguaje justo desde el punto de vista del género;
- perspectivas lingüísticas (lingüística histórica, morfología, análisis del discurso, etc.) que recuperen y demuestren la plasticidad de las lenguas (o su no inmutabilidad);
- datos que permitan enmarcar lingüísticamente las estrategias en uso con el sistema y la norma desde una perspectiva lingüística sensible al género;
- una descripción lingüística que permita comprender tanto las especificidades del sistema de cada lengua en relación con las cuestiones (gramaticales) de género como las soluciones que se encuentran y practican en el uso de esa lengua (desde una perspectiva contrastiva);
- crear una relación de las estrategias discursivas (formulación y reformulación, entre otras) como factores de "desnaturalización" sobre los usos habituales del lenguaje sexista.
Esta lista no pretende ser exhaustiva. Por tanto, también son bienvenidas otras propuestas que se enmarquen en el tema del dosier. Se aceptan textos en portugués, inglés, español y francés.
Referencias
Cerquiglini, Bernard. 2018. Le ministre est enceinte. Paris: Seuil.
Constantin de Chanay, Hugues, Yannick Chevalier e Laure Gardelle (dirs.) (2017), Mots, 113/2017 (Ecrire le genre). DOI. https://doi.org/10.4000/mots.22596
Coseriu, Eugenio. 1987. O homem e sua linguagem (2ª edição). Rio de Janeiro: Presença.
Coutinho, Antónia. 2021. “Identidades Textuais, Linguagem Inclusiva e (re)formulação”. In Reformuler, une question de genres? | Reformular, uma questão de géneros?, Edited by Driss Ablali, Matilde Gonçalves, and Fátima Silva, 51-65. Vila Nova de Famalicão. Edições Húmus. URL: http://hdl.handle.net/10362/140042
Diewald, Gabriele [en prensa]. “Gender fair language in German”. In Language and Gender, Edited by Benjamin Fagard and Ana Margarida Abrantes. Lisboa: UCP Editora.
Diewald, Gabriele, Steinhauer, Anja. 2022. Handbuch geschlechtergerechte Sprache. 2. aktualisierte und erweiterte Auflage. Berlin: Duden.
de Miguel, Elena. 2022. “Lengua, norma y mundo: relaciones y puntos de fricción. A propósito del lenguaje inclusivo”. Puntoycoma 174: 5-30.
Matos, João. 2020. “Poderá uma língua natural sexista? Avaliação do impacto de informação gramatical e de estereótipos de género na compreensão de enunciados com sujeitos masculinos genéricos em Português Europeu”. Dissertação de Mestrado em Ciências da Linguagem, NOVA FCSH. URL: http://hdl.handle.net/10362/110814
Rabatel, Alain, Rosier, Laurence (eds.). 2019. Le discours et la langue, tome 11.1 (Les défis de l'écriture inclusive).
Voloshinov, Valentin Nikoláievitch (1977), Le marxisme et la philosophie du langage (1st edition : 1929). Paris: Minuit.
FECHAS IMPORTANTES
Plazo de presentación: 15 de enero de 2024
Notificación de las decisiones de aceptación: 31 de marzo de 2024
Fecha límite para la presentación de la versión revisada: 15 de abril de 2024
Fecha de publicación de la revista: junio de 2024
Genre et langage: perspectives et défis
Editoras:
Antónia Coutinho, CLUNL, Université NOVA de Lisboa, Portugal
Gabriele Diewald, Leibniz Universität Hannover, Allemagne
María Muelas Gil, Universidad Autónoma de Madrid, Espagne
DATE LIMITE POUR LA SOUMISSION DES ARTICLES
15 Janvier 2024 (à publier jusqu’au juin 2024)
Cadre de référence
Les enjeux du langage inclusif – non sexiste, paritaire ou sensible au genre – se sont installés sur le plan social et politique, avec des points de vue différents (comme c’est toujours le cas dès que le status quo se voit ébranlé). Ce fait ne se limite pas à une langue ou à un pays en particulier : en fait, il s’avère pertinent dans plusieurs pays occidentaux, quelle que soit la langue considérée. La question est aussi présente dans le champ scientifique, dans le domaine de la linguistique ou des sciences du langage, avec un dynamisme considérable au niveau international et en envisageant soit des aspects morphologiques et de l’histoire des langues soit des aspects en rapport avec les usages discursifs (cf., entre autres, Cerquiglini 2019; Constantin de Chanay, Chevalier and Gardelle 2017; de Miguel 2022; Diewald and Steinhauer 2022; Diewald forthcoming; Rabatel and Rosier 2019). Pourtant, au Portugal, la discussion scientifique reste limitée, (Coutinho 2021; Matos 2020), malgré les recommandations officielles concernant l’usage du langage inclusif, notamment dans le contexte de l’administration publique (dont nous disposons depuis 2009) et de la publication de plusieurs manuels de langage inclusif. Les signes de résistance se manifestent, du côté et de la société et de la communauté linguistique, parallèlement aux prises de position qui cherchent le changement et le poussent en avant. Il faut donc faire place à une réflexion raisonnée du point de vue linguistique, ce qui est l’objectif du présent dossier.
Il convient de prendre en considération différentes perspectives. D’abord, il faut ne pas confondre les notions de genre grammatical, genre social et sexe. Tandis que le genre grammatical est une propriété formelle des langues (individuelles), le genre social et le sexe per se sont des facteurs indépendants de la langue – qui interagissent, pourtant, de façons différentes, avec les phénomènes linguistiques. En second lieu, il convient de souligner que, dans une approche interactionniste sociale (Voloshinov, 1977 [1929]), les dimensions praxéologique et gnoséologique font partie de la façon dont le langage intervient dans le social, en (re)construisant en permanence le monde, ou ce qu’on appelle le « réel ». Dans ce sens, choisir de dire un monde génériquement masculin ou choisir de dire un monde inclusif est un choix – une décision, plus ou moins consciente – de chaque personne au moment où elle fait usage de la langue. C’est vrai que la norme – en remplissant naturellement son rôle régulateur – freine des choix plus ou moins improbables, voire polémiques. Mais le pouvoir qui lui revient n’est surement pas supérieur au dynamisme propre de la langue ; et, par conséquence, à l’attente d’une description linguistique qui soit en mesure de rendre compte de ce même dynamisme, comme l’a bien montré Coseriu (1987, 23).
De ce point de vue, à la résistance s’oppose la réflexion (méta)linguistique et la recherche, susceptibles de cadrer l’expérimentation et – si c’est le cas, ou quand il sera le cas – de retenir (systématiser, normaliser) les usages (ou quelques-uns des usages) qui se trouvent aujourd’hui en dehors de la norme.
C’est donc face à ces enjeux que se situe ce numéro thématique. L’objectif est d’apporter au débat des arguments scientifiques qui permettent une vision large et éclairée de ce dont il est question et puissent contribuer à soutenir, en termes pratiques, la mise en œuvre et l'opérationnalisation de stratégies linguistiques inclusives.
De manière non exhaustive, voici quelques-unes des directions de travail qui correspondent à ce qui vient d’être pointé :
- discussion autour des notions le langage paritaire, langage non sexiste, langage inclusif, langage sensible au genre, gender-fair language ;
- approches linguistiques (notamment en linguistique historique, morphologie, analyse du discours) qui prennent en considération et fassent preuve de la plasticité des langues (ou de leur non-immutabilité) ;
- des donnés qui permettent de cadrer linguistiquement, par rapport au système et à la norme, les stratégies utilisées, alternatives au masculin comme neutre universel ;
- description linguistique susceptible de montrer soit les spécificités de chaque système linguistique, par rapport aux questions de genre (grammatical) soit les solutions inclusives proposées et mises en pratique dans l'usage de chaque langue (éventuellement dans une perspective contrastive) ;
- inventaire des stratégies discursives (formulation et reformulation, entre autres) comme facteurs de "dé-naturalisation" par rapport aux usages habituels du langage sexiste.
Cette liste n’est pas exhaustive. Toute autre proposition liée au thème du dossier pourra donc être soumise. Les textes pourront être écrits en portugais, en anglais, en espagnol ou en français.
Références
Cerquiglini, Bernard. 2018. Le ministre est enceinte. Paris: Seuil.
Constantin de Chanay, Hugues, Yannick Chevalier e Laure Gardelle (dirs.) (2017), Mots, 113/2017 (Ecrire le genre). DOI. https://doi.org/10.4000/mots.22596
Coseriu, Eugenio. 1987. O homem e sua linguagem (2ª edição). Rio de Janeiro: Presença.
Coutinho, Antónia. 2021. “Identidades Textuais, Linguagem Inclusiva e (re)formulação”. In Reformuler, une question de genres? | Reformular, uma questão de géneros?, Edited by Driss Ablali, Matilde Gonçalves, and Fátima Silva, 51-65. Vila Nova de Famalicão. Edições Húmus. URL: http://hdl.handle.net/10362/140042
Diewald, Gabriele [à paraitre]. “Gender fair language in German”. In Language and Gender, Edited by Benjamin Fagard and Ana Margarida Abrantes. Lisboa: UCP Editora.
Diewald, Gabriele, et Anja Steinhauer. 2022. Handbuch geschlechtergerechte Sprache. 2. aktualisierte und erweiterte Auflage. Berlin: Duden.
de Miguel, Elena. 2022. “Lengua, norma y mundo: relaciones y puntos de fricción. A propósito del lenguaje inclusivo”. Puntoycoma 174: 5-30.
Matos, João. 2020. “Poderá uma língua natural sexista? Avaliação do impacto de informação gramatical e de estereótipos de género na compreensão de enunciados com sujeitos masculinos genéricos em Português Europeu”. Dissertação de Mestrado em Ciências da Linguagem, NOVA FCSH. URL: http://hdl.handle.net/10362/110814
Rabatel, Alain, et Laurence Rosier (coords). 2019. Le discours et la langue, tome 11.1 (Les défis de l'écriture inclusive).
Voloshinov, Valentin Nikoláievitch (1977), Le marxisme et la philosophie du langage (1st edition : 1929). Paris: Minuit.
LES DATES IMPORTANTES
Date limite de soumission : 15 janvier 2024
Notification des décisions d'acceptation : 31 mars 2024
Date limite de soumission de la version révisée : 21 avril 2024
Date de publication : juin de 2024