Apelo a contributos /Call for Papers
Data de submissão – 15 de novembro de 2015 (a publicar em abril de 2016)
Dossier: "GÉNERO, PROFISSÕES E CARREIRAS: OPORTUNIDADES, CONSTRANGIMENTOS E DESAFIOS"
Coordenam o dossiê temático:
Gina Santos, Universidade do Minho (gaiogina@eeg.uminho.pt)
Teresa Carvalho, Universidade de Aveiro (teresa.carvalho@ua.pt)
As profissões e os grupos profissionais estão expostos nas sociedades contemporâneas a um conjunto de desafios diversos. Desde logo, destacam-se as alterações no papel do Estado na sociedade, que se afasta crescentemente de uma atitude protecionista, substituindo os seus modos tradicionais de regulação. Não menos importantes são os efeitos de uma globalização galopante, traduzida na existência de um mercado de trabalho cada vez mais internacional. As mudanças na organização social do trabalho potenciadas por uma complexificação da divisão do trabalho traduzem, por seu lado, o proliferar de novas profissões que resultam em emaranhadas linhas de subalternização e co-dependência entre os diferentes grupos. Simultaneamente, o desenvolvimento e crescente uso das novas tecnologias é, muitas vezes, assumido como resultando em processos de desqualificação e até proletarização dos profissionais (Carvalho, 2012, 2014; Carvalho et al., 2013; Evetts, 2003; Freidon, 2001; Kirkpatrick et al., 2005; Kuhlmann & Saks, 2008).
Para a emergência destes processos terá contribuído, também, a crescente massificação e feminização do ensino superior. As reformas introduzidas pelo processo de Bolonha, no contexto europeu, apesar do enfoque do ensino superior na promoção da empregabilidade dos/as graduados/as, têm resultado na desvalorização das credenciais académicas no mercado de trabalho; ao mesmo tempo que o discurso da empregabilidade continua a ignorar a persistência de desigualdades de género numa sociedade orientada para o conhecimento onde se enfatiza crescentemente a responsabilidade individual na autogestão da carreira e empregabilidade (Brown, Hesketh, & Williams, 2003; Moreau & Leathwood, 2006).
Estritamente ligado à noção de profissão está, também, o conceito de carreira. Tradicionalmente o termo carreira foi utilizado para descrever a progressão linear dentro de uma profissão ou organização implicando o aumento de responsabilidades e recompensas à medida que se iam percorrendo a hierarquia organizacional ou profissional (Schein, 1971). No entanto, as carreiras profissionais das mulheres sempre conheceram especificidades e assumiram um desenvolvimento mais fragmentado e menos linear, sendo frequentemente descritas na literatura como mais diversificadas e multipolares do que as carreiras masculinas (Guest & Sturges, 2007; Roberts, 2008). Tradicionalmente, e apesar de todas as transformações das últimas décadas, a gestão da esfera familiar e pessoal continua a ser uma responsabilidade essencialmente da mulher, mesmo em carreiras profissionais muito exigentes, como é o caso da profissão académica (Santos, 2015). Porém, a crescente participação das mulheres no mundo das profissões e, em particular, naquelas altamente qualificadas, tem sido alvo de escassa investigação quanto às alterações nos padrões de carreira, nomeadamente no que se refere à influência de fatores contextuais e culturais nas escolhas e percursos de carreira profissional das mulheres (Evetts, 2000; Mayrhofer, Meyer & Steyrer; 2007).
Este call for papers convida à submissão de trabalhos de base empírica, com dados nacionais ou internacionais ou comparativos entre diferentes contextos culturais, e que utilizem um enquadramento teórico de natureza multidisciplinar (e.g., gestão, economia, psicologia, sociologia, entre outras áreas disciplinares). Com a publicação deste número, a ex æquo propõe-se colmatar a exiguidade de abordagens, ou aprofundar as discussões iniciadas, centradas na reflexão sobre a forma como o género pode contribuir para a explicação do modo como as profissões reagem face à mudança que lhes é imposta pelo exterior.
As seguintes questões são indicativas dos tópicos que poderão ser considerados para este número temático não assumindo, obviamente, um caráter exaustivo:
- A uma crescente feminização do ensino superior tem vindo a corresponder, um pouco por todo o mundo, uma crescente feminização da profissão de medicina. Que alterações podemos esperar no reconhecimento material e simbólico atribuído à profissão, assim como nas relações de poder entre os profissionais de ambos os sexos? Que desigualdades de género permanecem entre as várias categorias de profissionais num determinado campo profissional (saúde, ensino, entre outras)?
- Atualmente, assistimos também ao aumento do desemprego em profissionais altamente qualificadas como os/as arquitetos/as ou os/as enfermeiras/os (para nomear apenas alguns). Face a isto, será que existem diferenças de género na forma como se processa o acesso ao mercado de trabalho? Que fatores poderão afetar diferentemente homens e mulheres?
- A “carreira sem fronteiras” (Arthur, 1994) constitui um novo modelo que abandona definitivamente a ideia de carreira delimitada por fronteiras organizacionais e que abraça o conceito de autogestão de carreira. Que diferenças de género podemos encontrar na adoção destes novos modelos de carreira? Estarão as mulheres a enveredar pelo autoemprego como estratégia de carreira e como forma de conseguirem um maior equilíbrio entre trabalho-vida extralaboral? Que desafios e constrangimentos enfrentam no autoemprego?
- Paralelamente, de que modo é que as novas tecnologias de informação resultam em reconfigurações nos modos de organização do trabalho e de gestão do tempo/espaço profissionais, e como é que isso tem afetado a gestão entre as fronteiras laborais e extralaborais dos/as profissionais, particularmente em profissões ligadas à economia do conhecimento como é o caso arquitetos/as; médicos/as; enfermeiras/os; gestores/as; profissionais de diversas áreas dos serviços e da economia social; cientistas/académicos; funcionários/as públicos/as; jornalistas; magistrados/as; advogados/as; entre outros grupos de profissionais.
- Como é que a lógica da nova gestão pública, aplicada a setores como a saúde ou o ensino superior, tem afetado os resultados e as perspetivas de desenvolvimento de carreira de homens e mulheres em organizações profissionais como hospitais ou universidades? Nesta matéria, como se têm processado as transições de carreira dentro destes setores? Existe mobilidade interna e/ou externa? Que estratégias de resistência estão a ser utilizados pelos/as profissionais?
Assume-se uma abordagem genérica de profissão (que não se restringe, apenas, às que possuem qualificações académicas). Possíveis grupos profissionais a analisar incluem, entre outros:
- arquitetos/as,
- médicos/as,
- enfermeiras/os,
- farmacêuticos/as
- empregadas/os domésticas/os,
- cabeleireiros/as
- cientistas/académicos,
- funcionários/as públicos/as
- jornalistas,
- magistrados/as,
- advogados/as
- profissionais de informática
- engenheiros/as
- escriturários/as
- contabilistas
- trabalhadores/as de call-center
- militares
- técnicos/as de várias áreas profissionais
Prazo de envio:
Envio de artigos com escrupuloso cumprimento segundo normas apresentadas em http://www.apem-estudos.org/en/page/apresentacao-da-revista, até 15 de novembro de 2015, ao cuidado de Gina Santos (Universidade do Minho) e Teresa Carvalho (Universidade de Aveiro) para o endereço (apem1991@gmail.com), responsáveis por este dossiê temático.
Os textos que não respeitarem as normas quanto à extensão, à formatação e ao modo de citar e referenciar as fontes bibliográficas serão excluídos numa primeira triagem antes de serem submetidos a arbitragem. No prazo de quatro semanas após a data limite de receção, as/os autoras/es receberão a informação sobre os resultados da primeira triagem e a passagem à etapa seguinte, isto é, a submissão à arbitragem científica do texto. A data prevista de saída deste número especial é Abril de 2016.
Referências
Arthur, Michael (1994), “The boundaryless career: A new perspective for organizational inquiry”, Journal of Organizational Behavior, 15, 295-306.
Brown, Phillip; Hesketh, Anthony; Williams, Sara (2003), “Employability in a knowledge-driven economy”, Journal of Education and Work, 16, 107-126.
Carvalho, Teresa (2012), “Managerialism and professional strategies: A case from nurses in Portugal,” Journal of Health, Organization and Management, 26, 4, 524 – 541.
Carvalho, Teresa; Ozkanli, Ozlem; Peterson, Helen; Prozesky, Helen (2013) “Building academic careers”, in Barbara Bagilhole and Kate White (Eds), Battle scars: Reflections of women in academia, Hampshire, Palgrave MacMillan, pp, 127-168.
Carvalho, Teresa (2014), “Changing connections between professionalism and managerialism: A case study of nursing in Portugal”, Journal of Professions and Organization, 1, 2, 1-15.
Evetts, Julie (2003), “The sociological analysis of professionalism occupational change in the modern world”, International Sociology, 18, 2, 395-415.
Evetts, Julie (2000), “Analysing change in women’s careers”, Gender, Work and Organization, 7, 57-67
Freidson, Eliot (2001), Professionalism - The Third Logic, Cambridge, Polity Press.
Guest, David; Sturges, Jane (2007), “Living to work – working to live: conceptualizations of careers among contemporary workers”, in Gunz, H and Peiperl, M. (eds.), Handbook of Career Studies, London, Sage, 310-326.
Kirkpatrick, Ian; Ackroyd, Stephen; Walker, Richard (2005), The New Managerialism and Public Service Professions, New York, Palgrave Macmillan.
Kuhlmann, Ellen; Saks, Mike (eds.) (2008), Rethinking Professional Governance: International Directions in Health Care, London, The Policy Press.
Mayrhofer, Wolfgang; Meyer, Michael; Steyrer, Johannes (2007), “Contextual issues in the study of careers”, in Gunz, H. and Peiperl, M. (eds.), Handbook of Career Studies, London, Sage, 215-240.
Moreau, Marie-Pierre; Leathwood, Carole (2006), “Graduates’ employment and the discourse of employability: a critical analysis”, Journal of Education and Work, 19, 305-324.
Muzio, Daniel; Tomlinson, Jennifer (2012), “Editorial: researching gender, inclusion and diversity in contemporary professions and professional organizations”, Gender, Work and Organization, 19, 455-466.
Roberts, Emma (2008), “Time and work-life balance: The roles of temporal customization and life temporality”, Gender, Work, and Organization, 15, 430- 453.
Santos, Gina Gaio (2015) “Narratives about work and family life among Portuguese academics”, Gender, Work and Organization, 22, 1-15.
Schein, Edgar (1971), “The individual, the organization and the career: A conceptual scheme”, The Journal of Applied Behavioral Science, 7, 401-26.
Deadline: November 15 (for publication in April 2016)
Guest Editors:
Gina Santos, University of Minho (gaiogina@eeg.uminho.pt)
Teresa Carvalho, University of Aveiro (teresa.carvalho@ua.pt)
Call for papers:
Professions and professional groups are exposed in contemporary societies to a set of different challenges. First of all, the role played by the State in society has changed dramatically with the weakening of its welfare function and the replacement of traditional modes of regulation. No less important are the effects of the globalization processes, reflected in the existence of an increasingly international labour market. Secondly, changes in the social organization of work, which are being enhanced by an increasingly complex division of labour, have been translated in the proliferation of new professions with entangled rules of subordination and co-dependency between the different professional groups. Simultaneously, the increasing dissemination and use of new information technologies has often resulted in the devaluation of the professionals’ credentials and qualifications and even in their proletarization and deskilling (Carvalho, 2012, 2014; Carvalho et al., 2013; Evetts, 2003; Freidon, 2001; Kirkpatrick et al., 2005; Kuhlmann and Saks, 2008).
The emergence of these trends is also enhanced by the growing massification and feminization of higher education. The Bologna reforms implemented in European higher education system and institutions, despite its focus on graduates’ employability, can potentially result in a devaluation of academic credentials in the labour market; while the employability discourse continues to ignore the persistence of gender inequalities in the so-called knowledge society that increasingly emphasizes individual responsibility in career self-management and employability (Brown, Hesketh, and Williams, 2003; Moreau and Leathwood, 2006).
The concepts of professions and careers are intertwined. Traditionally, the concept of career was used to describe an individuals’ linear progression within an organization or profession, with an increase in rewards and responsibilities to the extent that he/she progressed in the organizational or professional hierarchy (Schein, 1971). Nevertheless, the professional careers of women have unfolded in many specific ways; and have known a more fragmented and less linear development, with the literature on careers describing them as more diversified and multifaceted in comparison to men’s careers (Guest and Sturges, 2007; Roberts, 2008).
Despite all the changes in the last decades, the care for the family is still regarded as a woman’s primary responsibility; even in very demanding professional careers such as the academic (Santos, 2015). But the growing participation of women in the world of professions and particularly in the highly qualified ones, remains under-researched with few studies addressing the changes in career patterns and the influence of contextual and cultural forces in career choices and women’s professional paths (Evetts, 2000; Mayrhofer, Meyer e Steyrer; 2007).
This call for papers invites the submission of empirical papers that use national or international data or intercultural comparative data, and from different research traditions (e.g., management, sociology, psychology, and economics, amongst others). With this special issue, ex æquo aims to fulfil the lack of multidisciplinary approaches in research on how gender structures influence the way professionals and careers are moulded by the sociocultural context in which they are embedded.
The following research questions are indicative of the research topics considered for publication in this special issue, but they are not exhaustive:
- As happened in other professional fields, medicine is currently a highly feminized profession. What changes can we expect regarding the symbolic and material rewards offered to the medical profession? What gender inequalities still prevail between the different professional groups inside a specific professional field? (e.g. health, higher education, amongst others).
- Currently, we also see an increase in unemployment rates including of highly trained and qualified professionals in professional fields such as architecture or nursing (to name only a few). Thus, are there gender differences in the access to employment opportunities in the labour market? Are structural and contextual factors affecting differently men and women?
- The boundaryless career (Arthur, 1994) designates a career that unfolds outside of traditional organizational boundaries, and that emphasizes the importance of individual agency and career self-development. Are there gender differences concerning the adoption of new career models, such as the boundaryless one? Are women contemplating self-employment as a career model that allows them to achieve a better work-life balance? What challenges and constraints are they facing in self-employment?
- Concurrently, how are new information technologies reshaping the ways that work tasks are organized or the ways professionals are managing their time and space boundaries between work and life, particularly in knowledge-driven professions and in the case of architects, physicians, nurses, managers, public servants, third sector professionals, journalists, lawyers, judges and academics, amongst other professionals.
- How has new public management affected the career outcomes and career advancement opportunities for men and women in public sector organizations, such as higher education or health institutions? How are career transitions being made within those organizations? Is there any internal or external career mobility? What resistance strategies are being deployed by men and women?
In this special issue we adopt a generic approach to the study of professions and careers. Thus we also include as professions those work fields that do not necessarily require academic qualifications. Amongst others, we contemplate the following professional groups:
- architects
- physicians
- nurses
- pharmacists
- house workers
- hairdressers
- academics
- public servants
- technicians of different sectors
- journalists
- magistrates
- lawyers
- computer professionals
- engineers
- office workers/clerks
- accountants
- call-center workers
- militaries
Deadline and guidelines for submission
All submissions have to abide by the publication guidelines of ex æquo, which are available at http://www.apem-estudos.org/en/page/apresentacao-da-revista, and the papers should be sent until 15 of November of 2015 to the guest editors for this thematic dossier: Gina Santos (University of Minho) and Teresa Carvalho (University of Aveiro) for the e-mail (apem1991@gmail.com)
The submissions that do not abide by the publication guidelines of ex æquo (e.g. references, tables and figures, article length) will be immediately excluded from the arbitrage process. Within four weeks after submission, the authors will receive an email informing of the decision to send the paper for peer review or the exclusion from the arbitrage process. The date due for publication of this special number is April of 2016.
The call for non-themed submissions (articles and reviews) is continuously open.
References
Arthur, Michael (1994), “The boundaryless career: A new perspective for organizational inquiry”, Journal of Organizational Behavior, 15, 295-306.
Brown, Phillip; Hesketh, Anthony; Williams, Sara (2003), “Employability in a knowledge-driven economy”, Journal of Education and Work, 16, 107-126.
Carvalho, Teresa (2012), “Managerialism and professional strategies: A case from nurses in Portugal,” Journal of Health, Organization and Management, 26, 4, 524 – 541.
Carvalho, Teresa; Ozkanli, Ozlem; Peterson, Helen; Prozesky, Helen (2013) “Building academic careers”, in Barbara Bagilhole and Kate White (Eds), Battle scars: Reflections of women in academia, Hampshire, Palgrave MacMillan, pp, 127-168.
Carvalho, Teresa (2014), “Changing connections between professionalism and managerialism: A case study of nursing in Portugal”, Journal of Professions and Organization, 1, 2, 1-15.
Evetts, Julie (2003), “The sociological analysis of professionalism occupational change in the modern world”, International Sociology, 18, 2, 395-415.
Evetts, Julie (2000), “Analysing change in women’s careers”, Gender, Work and Organization, 7, 57-67
Freidson, Eliot (2001), Professionalism - The Third Logic, Cambridge, Polity Press.
Guest, David; Sturges, Jane (2007), “Living to work – working to live: conceptualizations of careers among contemporary workers”, in Gunz, H and Peiperl, M. (eds.), Handbook of Career Studies, London, Sage, 310-326.
Kirkpatrick, Ian; Ackroyd, Stephen; Walker, Richard (2005), The New Managerialism and Public Service Professions, New York, Palgrave Macmillan.
Kuhlmann, Ellen; Saks, Mike (eds.) (2008), Rethinking Professional Governance: International Directions in Health Care, London, The Policy Press.
Mayrhofer, Wolfgang; Meyer, Michael; Steyrer, Johannes (2007), “Contextual issues in the study of careers”, in Gunz, H. and Peiperl, M. (eds.), Handbook of Career Studies, London, Sage, 215-240.
Moreau, Marie-Pierre; Leathwood, Carole (2006), “Graduates’ employment and the discourse of employability: a critical analysis”, Journal of Education and Work, 19, 305-324.
Muzio, Daniel; Tomlinson, Jennifer (2012), “Editorial: researching gender, inclusion and diversity in contemporary professions and professional organizations”, Gender, Work and Organization, 19, 455-466.
Roberts, Emma (2008), “Time and work-life balance: The roles of temporal customization and life temporality”, Gender, Work, and Organization, 15, 430- 453.
Santos, Gina Gaio (2015) “Narratives about work and family life among Portuguese academics”, Gender, Work and Organization, 22, 1-15.
Schein, Edgar (1971), “The individual, the organization and the career: A conceptual scheme”, The Journal of Applied Behavioral Science, 7, 401-26.
Data de sumisión – 15 de noviembre (a publicar en abril de 2016)
“Género, profesiones y carreras: oportunidades, constreñimientos y desafíos”
Coordinan el dossier temático
Gina Santos, Universidad de Minho (gaiogina@eeg.uminho.pt)
Teresa Carvalho, Universidad de Aveiro (teresa.carvalho@ua.pt)
Convocatoria de artículos
Las profesiones y los grupos profesionales están expuestos en las sociedades contemporáneas a un conjunto de desafíos de diversa índole. En primer lugar, destacan las alteraciones en el papel del Estado en la sociedad, que se aleja crecientemente de una actitud proteccionista, sustituyendo de este modo sus modos tradicionales de regulación. Pero no menos importantes son los efectos de una globalización rampante, traducida en la existencia de un mercado de trabajo cada vez más internacional. Los cambios en la organización social del trabajo potenciados por una complejización de la división del trabajo se traducen, por su parte, en la proliferación de nuevas profesiones que resultan en enmarañadas líneas de subalternización y codependencia entre los diferentes grupos. Simultáneamente, el desarrollo y creciente uso de nuevas tecnologías, muchas veces tiene como resultado procesos de descualificación y hasta proletarización de los profesionales (Carvalho, 2012, 2014; Carvalho et al., 2013; Evetts, 2003; Freidon, 2001; Kirkpatrick et al., 2005; Kuhlmann & Saks, 2008).
A la emergencia de estos procesos también ha contribuido la creciente masificación y feminización de la enseñanza superior. Las reformas introducidas por el proceso de Boloia, en el contexto europeo, a pesar del enfoque de la enseñanza superior en la promoción de la empleabilidad de los/las graduados/as, ha resultado en la desvalorizaicón de las credenciales académicas en el mercado de trabajo, al tiempo que el discurso de la empleabilidad continúa ignorando la persistencia de desigualdades de género en una sociedad orientada al conocimiento, en la que se enfatiza crecientemente la responsabilidad individual en la autogestión de la carrera y la empleabilidad (Brown, Hesketh, & Williams, 2003; Moreau & Leathwood, 2006).
Estrictamente ligado a la noción de profesión está también el concepto de carrera. Tradicionalmente el término carrera fue utilizado para describir la progresión lineal dentro de una profesión u organización implicando el aumento de responsabilidades y recompensas a medida que se recorrían la jerarquía organizacional o profesional (Schein, 1971). Sin embargo, las carreras profesionales de las mujeres siempre tuvieron especificidades y asumieron un desarrollo más fragmentado y menos lineal, siendo frecuentemente descritas en la literatura como más diversificadas y multipolares que las carreras masculinas (Guest & Sturges, 2007; Roberts, 2008). Tradicionalmente, a pesar de todas las transformaciones de las últimas décadas, la gestión de la esfera familiar y personal continúa siendo una responsabilidad esencialmente de la mujer, aún en carreras profesionales muy exigentes, como es el caso de la profesión académica (Santos, 2015). Sin embargo, la creciente participación de las mujeres en el mundo de las profesiones, y en particular en aquellas altamente cualificadas, ha sido objeto de escasa investigación en lo que respecta a las alteraciones de los patrones de carrera, en particular en lo que se refiere a la influencia de los factores contextuales y culturales en las elecciones y recorridos de carrera profesional de las mujeres (Evetts, 2000; Mayrhofer, Meyer & Steyrer; 2007).
Esta convocatoria a artículos invita a la presentación de trabajos de base empírica, con datos nacionales o internacionales o comparativos entre diferentes contextos culturales, y que utilicen un encuadramiento teórico de naturaleza multidisciplinar (ej. Gestión, economía, psicología, sociología, entre otras áreas disciplinares). Con la publicación de este número, ex æquo se propone abordar la escasez de abordajes, o profundizar en las discusiones iniciadas, centradas en la reflexión sobre el modo en que el género puede contribuir a la explicación del modo en que las profesiones reaccionan frente a los cambios que les son impuestos desde el exterior.
Las siguientes cuestiones son indicativas de los tópicos que podrán ser considerados para este número temático, no asumiendo un carácter exhaustivo:
-A una creciente feminización de la enseñanza superior le ha correspondido, en todo el mundo, una creciente feminización de la profesión médica. ¿Qué alteraciones podemos esperar en el reconocimiento material y simbólico atribuido a la profesión, así como en las relaciones de poder entre los profesionales de ambos sexos? ¿Qué desigualdades de género permanecen entre las varias categorías de profesionales en un determinado campo profesional (salud, enseñanza, entre otras)?
-Actualmente, asistimos también al aumento del desempleo en profesiones altamente cualificadas como los/as arquitectos o los/las enfermeros/as (por nombrar apenas algunas). Frente a esto, ¿existen diferencias de género en la forma en cómo se procesa el acceso al mercado de trabajo? ¿Qué factores podrán afectar diferencialmente a hombres y mujeres?
-La “carrera sin fronteras” (Arthur, 1994) constituye un nuevo modelo que abandona definitivamente la idea de carrera delimitada por fronteras organizacionales y que abraza el concepto de autogestión de carrera. ¿Qué diferencias de género podemos encontrar en la adopción de estos nuevos modelos de carrera? ¿Estarán las mujeres encaminándose hacia el autoempleo como estrategia de carrera y como forma de conseguir un mayor equilibrio entre trabajo y vida extra-laboral? ¿Qué desafíos y constreñimientos enfrentan en el autoempleo?
-Paralelamente, de qué modo las nuevas tecnologías de la información resultan en reconfiguraciones en los modos de organización del trabajo y de gestión del tiempo/espacio profesional, y cómo esto ha afectado a la gestión entre las fronteras laborales y extralaborales de los/as profesionales, particularmente en profesiones ligadas a la economía del conocimiento, como es el caso de arquitectos/as; médicos/as; enfermeros/as; gestores/as; profesionales de diversas áreas de los servicios de la economía social; cientistas/académicos; funcionarios/as públicos/as; periodistas; magistrados/as; abogados/as; entre otros grupos profesionales.
-¿Cómo la lógica de la nueva gestión pública, aplicada a sectores como la salud o la enseñanza superior ha afectado a los resultados y a las perspectivas de desarrollo de carrera de hombres y mujeres en organizaciones profesionales como hospitales o universidades? En esta materia, ¿cómo se han procesado las transiciones de carrera dentro de estos sectores? ¿Existe movilidad interna o externa? ¿Qué estrategias de resistencia están siendo utilizadas por los/las profesionales?
Se asume un abordaje genérico de la profesión (que no se restringe a las que poseen cualificaciones académicas). Posibles grupos profesionales a analizar, incluyen, entre otros:
- arquitectos/as, - peluqueros/as
- médicos/as, - cientistas/as académicos/as,
- enfermeras/os, - funcionarios/as públicos/as
- farmacéuticos/as - periodistas,
- empleadas/os domésticas/os, - magistrados/as,
- abogados/as - contables
- informáticos/as - trabajadores/as de call centers
- ingenieros/as - militares
- administrativos/as - técnicos/as de varias áreas profesionales
Plazo de envío:
El envío de los artículos deberá realizarse con escrupuloso cumplimiento de las normas presentadas en http://www.apem-estudos.org/en/page/apresentacao-da-revista, hasta el 15 de noviembre de 2015, a la atención de Gina Santos (Universidad de Minho) y Teresa Carvalho (Universidad de Aveiro) a la dirección (apem1991@gmail.com), responsables de este dossier temático.
Los textos que no respeten las normas en cuanto a extensión, formato, y al modo de citar y referenciar fuentes bibliográficas serán excluidos en una primera selección antes de ser sometidos a arbitraje. En el plazo de cuatro semanas luego de la fecha límite de recepción, las/los autoras/es recibirán información sobre los resultados de la primera selección y el paso a la siguiente etapa, es decir, al envío para una revisión por pares (peer review) del texto. La fecha prevista para la publicación de este número especial es abril de 2016.
Referencias bibliográficas
Arthur, Michael (1994), “The boundaryless career: A new perspective for organizational inquiry”, Journal of Organizational Behavior, 15, 295-306.
Brown, Phillip; Hesketh, Anthony; Williams, Sara (2003), “Employability in a knowledge-driven economy”, Journal of Education and Work, 16, 107-126.
Carvalho, Teresa (2012), “Managerialism and professional strategies: A case from nurses in Portugal,” Journal of Health, Organization and Management, 26, 4, 524 – 541.
Carvalho, Teresa; Ozkanli, Ozlem; Peterson, Helen; Prozesky, Helen (2013) “Building academic careers”, in Barbara Bagilhole and Kate White (Eds), Battle scars: Reflections of women in academia, Hampshire, Palgrave MacMillan, pp, 127-168.
Carvalho, Teresa (2014), “Changing connections between professionalism and managerialism: A case study of nursing in Portugal”, Journal of Professions and Organization, 1, 2, 1-15.
Evetts, Julie (2003), “The sociological analysis of professionalism occupational change in the modern world”, International Sociology, 18, 2, 395-415.
Evetts, Julie (2000), “Analysing change in women’s careers”, Gender, Work and Organization, 7, 57-67
Freidson, Eliot (2001), Professionalism - The Third Logic, Cambridge, Polity Press.
Guest, David; Sturges, Jane (2007), “Living to work – working to live: conceptualizations of careers among contemporary workers”, in Gunz, H and Peiperl, M. (eds.), Handbook of Career Studies, London, Sage, 310-326.
Kirkpatrick, Ian; Ackroyd, Stephen; Walker, Richard (2005), The New Managerialism and Public Service Professions, New York, Palgrave Macmillan.
Kuhlmann, Ellen; Saks, Mike (eds.) (2008), Rethinking Professional Governance: International Directions in Health Care, London, The Policy Press.
Mayrhofer, Wolfgang; Meyer, Michael; Steyrer, Johannes (2007), “Contextual issues in the study of careers”, in Gunz, H. and Peiperl, M. (eds.), Handbook of Career Studies, London, Sage, 215-240.
Moreau, Marie-Pierre; Leathwood, Carole (2006), “Graduates’ employment and the discourse of employability: a critical analysis”, Journal of Education and Work, 19, 305-324.
Muzio, Daniel; Tomlinson, Jennifer (2012), “Editorial: researching gender, inclusion and diversity in contemporary professions and professional organizations”, Gender, Work and Organization, 19, 455-466.
Roberts, Emma (2008), “Time and work-life balance: The roles of temporal customization and life temporality”, Gender, Work, and Organization, 15, 430- 453.
Santos, Gina Gaio (2015) “Narratives about work and family life among Portuguese academics”, Gender, Work and Organization, 22, 1-15.
Schein, Edgar (1971), “The individual, the organization and the career: A conceptual scheme”, The Journal of Applied Behavioral Science, 7, 401-26.