A “ideologia de Género” e a Religião
ex æquo n.º 37
APELO A CONTRIBUTOS/CALL FOR PAPERS
Dossier: “A ‘ideologia de Género’ e a Religião”.
Coordenação de:
Teresa Toldy – Universidade Fernando Pessoa, Porto/Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
Fernanda Henriques – Labcom.IFP/Núcleo da Universidade de Évora/Professora Emérita da Universidade de Évora
Carmen Bernabé – Universidade de Deusto
Data de submissão – até 8 de janeiro de 2018 (a publicar em maio 2018)
A categoria de “género” é, desde o início da sua utilização, polémica. Isto é verdade tanto no quadro mais diretamente ligado aos ativismos feministas, como no contexto de ativismos anti-feministas. O conflito entre interpretações sobre a validade ou o caráter nefasto da categoria de “género” é também visível no contexto académico, desde ser vista como categoria analítica imprescindível para os estudos feministas, até ser considerada um obstáculo para o desenvolvimento destes. As próprias teóricas do género têm perspetivas diferentes sobre o sentido e a oportunidade de tal categoria (Braidotti 2004; Butler 1990; Butler et al. 2007; Scott 2010).
Acontece, contudo, que, a partir de 2013, a Expressão ideologia de género tem sido sobretudo reusada nos discursos da Igreja Católica não só como sendo uma perspetiva negativa sobre a natureza humana no feminino, nefasta para as mulheres e, de alguma maneira, contrária a um são ponto de vista cristão, como também, como se “género” fosse um conceito sem controvérsia e não comportasse um imenso leque de perspetivas (Favier 2012; Ruether 2008).
Assim, estes discursos, por um lado, parecem relevar de um desconhecimento das polémicas teóricas acerca da questão da natureza humana no feminino e do conceito de género e, por outro, revelam, eles próprios, uma “ideologia de género”, isto é: os discursos dos documentos oficiais da IC são, eles próprios, reveladores de uma posição ideológica de poder face às mulheres – uma perspetiva construída que reivindica corresponder à “essência da mulher”, definida de acordo com um plano transcendente inalterável (Graff 2016; Bracke 2016; Perintfalvi 2016).
Esta posição da IC já ultrapassou o restrito âmbito religioso e confessional, uma vez que tem sido veiculalada não só nos documentos do Vaticano ou das Conferências Episcopais de diversos países, mas também por grupos que fizeram da “crítica à ideologia de género” (identificada como o reconhecimento de que o género é uma construção social do sexo) uma militância com interferência na educação (veja-se, por exemplo, “Do not mess with my kids: No to gender ideology”, disponível em https://www.dejusticia.org/en/do-not-mess-with-my-kids-no-to-gender-ideology/).
Importa, por todas as razões apontadas, mostrar o logro em que a expressão “ideologia de género” assenta, tanto mais que, por outro lado, o tratamento da questão do “género” tem vindo a adquirir uma relevância cada vez maior no contexto dos movimentos feministas de várias religiões, nomeadamente, das religiões monoteístas.
Tendo como pressuposto que, mesmo nos estados laicos, as simbologias religiosas desempenham um papel essencial para o estabelecimento de uma representação antropológica simétrica de mulheres e de homens (Toldy 2010; Henriques 2011; Henriques e Toldy 2012; Toldy e Santos 2014), é absolutamente relevante tratar da problemática de género também do ponto de vista dos discursos religiosos.
Este número da Revista ex æquo pretende propostas de artigos que contribuam para:
- esclarecer a expressão “ideologia de género”, desconstruir os pressupostos que suportam o uso da expressão “ideologia de género”,
- constituir um quadro teórico que trate de diferentes perspetivas a categoria do “género”
- cruzar criticamente as questões de “género” com a posição da Igreja Católica face à mesma
- apresentar criticamente políticas ou iniciativas existentes atualmente para uma “despolitização das escolas” focada na erradicação da chamada “ideologia de género”
Referências
Bracke, Sarah. 2016. “Unpacking the Sin of Gender”. Religion and Gender 6(2), 143–154.
Braidotti, Rosi. 2004. Feminismo, diferencia sexual y subjetividad nómade. Barcelona: Gedisa.
Butler, Judith et al. 2007. « Pour ne pas en finir avec le ‘genre’... Table ronde », Sociétés & Représentations 2(24), 285-306. DOI 10.3917/sr.024.0285
Butler, Judith.1990. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. New York: Routledge.
Favier, Anthony. 2012. La reception catholique des études de genre: Une approche historique, en contexte francophone. Le genre, approches d’épassionnées d'un débat, Lille, France. <halshs-00765786>
Graff, Agnieszka. 2016. “‘Gender Ideology’: Weak Concepts, Powerful Politics, in: Religion and Gender 6(2), 264–272.
Henriques, Fernanda. 2011. “Teologia e Feminismo”. In E Deus criou a Mulher. Mulheres e teologia, organizado por Anselmo Borges e Isabel Caldeira, pp. 13-33. Coimbra: Nova Delphi.
Henriques, Fernanda; Toldy, Teresa. 2012. “A conceção inferior do feminino como “entidade transparente” na Filosofia e na Teologia”. In Mulheres que ousaram ficar. Contributos para a Teologia feminista, organizado por F. Henriques, T. Toldy, Maria Carlos Ramos e Julieta Dias, pp. 212-164. Leça da Palmeira: Letras e Coisas.
Perintfalvi, Rita, 2016. “The True Face of the ‘Gender Ideology’ Discourse: Religious Fundamentalism, or Questioning the Principle of Democracy?”. Journal of the European Society of Women in Theological Research 24, 47-62.
Ruether, Rosemary Radford. 2008. Catholics Does Not Equal the Vatican: A Vision for Progressive Catholicism. New York: New Press.
Scott, Joan Wallach. 2010. “Gender: Still a Useful Category of Analysis?”, Diogenes, 57(1) . DOI/10.1177/0392192110369316.
Teresa Toldy. 2010. "A violência e o poder da(s. palavra(s.: a religião cristã e as mulheres". Revista Crítica de Ciências Sociais 89, 171-183.
Toldy, Teresa; Santos, Ana Cristina. 2016. "Religião, género e cidadania sexual: Uma introdução". Revista Crítica de Ciências Sociais 110, 43-50.
Prazo de envio:
Envio de artigos, com escrupuloso cumprimento das normas da revista apresentadas em http://www.apem-estudos.org/pt/page/submissao-de-artigos, até 8 de janeiro de 2018, para o endereço apem1991@gmail.com. Os textos que não respeitarem as normas quanto à extensão, à formatação e ao modo de citar e referenciar as fontes bibliográficas serão excluídos numa primeira triagem antes de serem submetidos a arbitragem cientifica. No prazo de quatro semanas após a data limite de receção, as/os autoras/es receberão a informação sobre os resultados da primeira triagem e a passagem à etapa seguinte, isto é, da submissão, sob anonimato, à dupla arbitragem científica do texto. A data prevista de saída deste número é maio de 2018.
Além das submissões para os dossiers temáticos, a ex æquo aceita permanentemente contributos para as secções de Estudos e Ensaios e Recensões.
“Gender Ideology” and Religion
ex æquo n.º 37
CALL FOR PAPERS
Dossier: “Gender Ideology” and Religion
Coordinated by:
Teresa Toldy – Universidade Fernando Pessoa, Porto/Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal.
Fernanda Henriques – Labcom.IFP/Núcleo da Universidade de Évora/Professora Emérita da Universidade de Évora, Portugal.
Carmen Bernabé – Universidad de Deusto
Deadline: until January 8, 2018 (for publication in May 2018)
The category of “gender” has been controversial since the inception of its usage. This is true for the framework more directly connected to feminist activisms, as well as in the context of anti-feminist activism. The conflict over interpretations concerning the validity or adverse character of the category “gender” is also visible in the academic context, with some classifying it as an indispensable analytic category for feminist studies while others consider it an obstacle for the development of the field. Gender theorists themselves have different perspectives over the meaning and opportunity of this category (Braidotti, 2004; Butler 1990; Butler et al. 2007; Scott 2010).
From 2013 onwards, however, the expression “gender ideology” has most frequently been reused by discourses of the Catholic Church, not only denoting a negative perspective over a feminised human nature, dangerous to women, but also, to a certain extent, contrary to a “sound” Christian outlook. This view implies that gender is a category without controversy, ignoring the wide range of perspectives it encompasses (Favier 2012; Ruether 2008).
These discourses hence appear to highlight a lack of knowledge as regards the controversial theories over the issue of a feminised human nature as well as the concept of gender. Simultaneously, they themselves reveal a “gender ideology”, that is, the discourse of the official documents of the Catholic Church is itself indicative of an ideological position of power as regards women – a socially constructed perspective that sees itself as corresponding to a “female essence”, defined in accordance with an unchangeable and transcendent design (Graff 2016; Bracke 2016; Perintfalvi 2016).
This position of the Catholic Church has surpassed the remit of the religious and confessional, having been disseminated not only by the documents of the Vatican and the Episcopal Conferences of various countries, but also by groups which have actively promoted the “critique of gender ideology” (identified as the recognition that gender is a social construction of sex), with interference in the education sector (see, for instance “Do not mess with my kids: No to gender ideology”. Available at https://www.dejusticia.org/en/do-not-mess-with-my-kids-no-to-gender-ideology/).
It is important, for the reasons enunciated, to show the fraudulent character which serves as the foundation of the expression “gender ideology”. This is all the more so because the treatment of gender issues has acquired increased relevance in the context of feminist movements of various religions, namely those that are monotheistic.
Positing that, even in secular States, religious symbologies play a crucial role in the establishment of a symmetrical anthropological representation between women and men (Toldy 2010; Henriques 2011; Henriques e Toldy 2012; Toldy e Santos 2014), the problematics of gender indeed deserves to be addressed from the standpoint of religious discourse.
This issue of Revista ex aequo seeks article proposals that may contribute to:
- clarify the expression “gender ideology”, deconstructing the presuppositions that provide the foundations for the use of the expression “gender ideology”;
- construct the conceptual framework that handles the category of “gender” from different perspectives;
- critically intersect issues of “gender” with those of the position of the Catholic Church over gender;
- critically present policies or currently existing initiatives aiming towards a “depoliticisation of schools”, focusing on the eradication of “gender ideology”
Bibliographical References
Bracke, Sarah. 2016. “Unpacking the Sin of Gender”. Religion and Gender 6(2), pp. 143–154.
Braidotti, Rosi 2004. Feminismo, diferencia sexual y subjetividad nómade. Barcelona: Gedisa,.
Butler, Judith. 1990. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. New York: Routledge.
Butler, Judith et al. 2007. « Pour ne pas en finir avec le ‘genre ‘... Table ronde », Sociétés & Représentations 24, pp. 285-306. DOI 10.3917/sr.024.0285
Favier, Anthony. 29 Sept. 2012. “La reception catholique des etudes de genre: une approche historique.” Le genre, approches depassionnees d’un debat. Lille. Available at: http://halshs.archives-ouvertes.fr/docs/00/76/57/86/PDF/RA_ ception_catholique_du_genre.pdf. Fou (accessed at 22 June 2017).
Graff, Agnieszka. 2016. “‘Gender Ideology’: Weak Concepts, Powerful Politics”. Religion and Gender 6(2), pp. 264–272.
Henriques, Fernanda 2011. “Teologia e Feminismo”, in E Deus criou a Mulher. Mulheres e teologia, coord. por Anselmo Borges e Isabel Caldeira, pp. 13-33. Coimbra: Nova Delphi.
Henriques, Fernanda; Toldy, Teresa. 2012.“A conceção inferior do feminino como ‘entidade transparente’ na Filosofia e na Teologia”, in Mulheres que ousaram ficar. Contributos para a Teologia feminista, edited by F. Henriques, T. Toldy, Maria Carlos Ramos, Julieta Dias, 121-164. Leça da Palmeira: Letras e Coisas.
Perintfalvi, Rita. 2016. “The True Face of the ‘Gender Ideology’ Discourse: Religious Fundamentalism, or Questioning the Principle of Democracy?” Journal of the European Society of Women in Theological Research, 24, pp. 47-62.
Ruether, Rosemary Radford. 2008. Catholics Does Not Equal the Vatican: A Vision for Progressive Catholicism. New York: New Press.
Scott, Joan Wallach 2010. “Gender: Still a Useful Category of Analysis?” Diogenes 57(1), pp. 7-14 (http://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/0392192110369316)
Toldy, Teresa. 2010. "A violência e o poder da(s) palavra(s): a religião cristã e as mulheres", Revista Crítica de Ciências Sociais, 89, pp. 171-183.
Toldy, Teresa; Santos, Ana Cristina. 2016. "Religião, género e cidadania sexual: Uma introdução". Revista Crítica de Ciências Sociais, 110, pp. 43-50.
Deadline and guidelines for submission
All submissions have to abide by the publication guidelines of ex æquo, which are available at http://exaequo.apem-estudos.org/page/submissao-de-artigos?lingua=en, and the papers should be sent until January 8, 2018, to the e-mail apem1991@gmail.com. The submissions that do not abide by the publication guidelines of ex æquo (e.g. references, tables and figures, article length) will be immediately excluded from the arbitrage process. Within four weeks after submission, the authors will receive an email informing of the decision to send the paper for peer review or the exclusion from the arbitrage process. The date due for publication of this special number is May 2018
La “ideología de Género” y la Religión
ex æquo n.º 37
LLAMADA PARA CONTRIBUCIONES / CALL FOR PAPERS
Dosier: “La ‘ideología de Género’ y la Religión”.
Coordinación de:
Teresa Toldy – Universidad Fernando Pessoa, Porto/Centro de Estudios Sociales de la Universidad de Coimbra
Fernanda Henriques – Labcom.IFP/Núcleo de la Universidad de Évora/Profesora Emérita de la Universidad de Évora
Carmen Bernabé – Universidad de Deusto
Fecha para el envío de artículos: hasta el 8 de Enero de 2018 (a publicar en Mayo de 2018)
La categoría “género” es, desde el principio de su utilización, polémica, tanto en el cuadro de los activismos feministas, como en el cuadro del contexto de los activismos anti-feministas. El conflicto entre las interpretaciones sobre la validad o el carácter nefasto de la categoría “género” está también presente en la academia, con interpretaciones que van desde las que la consideran como una categoría analítica imprescindible a los estudios feministas, hasta a las que la entienden como un obstáculo para al desarrollo de éstos estudios. Las mismas teóricas del género tienen perspectivas distintas sobre el sentido y la oportunidad de esta categoría (Braidotti 2004; Butler 1990; Butler et al. 2007; Scott 2010).
A partir de 2013, la expresión ideología de género viene siendo rechazada sobre todo en los discursos de la Iglesia Católica que la presentan como siendo una perspectiva negativa sobre la naturaleza humana en el femenino, nefasta para las mujeres y, en cierta medida, contraria a un saludable punto de vista cristiano, pero también como siendo un concepto sin controversia como si el no contuviera un amplio abanico de perspectivas (Favier 2012; Ruether 2008).
Siendo así, estos discursos, por un lado, parecen derivar de un desconocimiento de las polémicas teóricas sobre la cuestión de la naturaleza humana en el femenino y el concepto de género y, por otro lado, revelan, por su vez, una “ideología de género”, es decir: los discursos de los documentos oficiales de la IC son, ellos mismos, reveladores de una posición ideológica de poder hacia las mujeres – una perspectiva construida que reivindica corresponder a la “esencia de la mujer”, definida según un plan transcendente inalterable (Graff 2016; Bracke 2016; Perintfalvi 2016).
Esta posición de la IC ya ha ultrapasado el ámbito religiosos y confesional restricto, una vez que viene siendo vehiculada por medio de los documentos del Vaticano o de las Conferencias Episcopales de diferentes países, sino también por grupos que han hecho de la “critica a la ideología de género” (identificada como un reconocimiento de que el género es una construcción social del sexo) una militancia con ha logrado interferir en la educación (un ejemplo de esto es “Do not mess with my kids: No to gender ideology”, disponible en https://www.dejusticia.org/en/do-not-mess-with-my-kids-no-to-gender-ideology/).
Por todas las razones que se han planteado, importa poner de manifiesto el logro en el que se basa la expresión “ideología de género”, ya que, por otro lado, el abordaje de la cuestión del “género” viene adquiriendo una relevancia cada vez mayor en el cuadro de los movimientos feministas de distintas religiones, incluyendo las religiones monoteístas.
Teniendo en cuenta que, mismo en los estados laicos, las simbologías religiosas desempeñan un papel fundamental para el estabelecimiento de una representación antropológica simétrica de mujeres y de hombres (Toldy 2010; Henriques 2011; Henriques e Toldy 2012; Toldy e Santos 2014), es en absoluto relevante plantear la problemática del género también desde el punto de vista de los discursos religiosos.
Para este número de la Revista ex æquo se pretenden propuestas de artículos que contribuyan para:
- esclarecer la expresión “ideología de género”, des construyendo las bases teóricas que apoyan el uso de esta expresión;
- constituir un cuadro teórico que aborde la categoría de “género” desde distintas perspectivas;
- cruzar, desde una mirada crítica, las cuestiones de “género” con la posición de la Iglesia Católica con relación a si misma;
- Presentar, de forma crítica, políticas o iniciativas actuales destinadas a una “despolitización de las escuelas” centrada en la erradicación de la denominada “ideología de género”
Referencias
Bracke, Sarah. 2016. “Unpacking the Sin of Gender”. Religion and Gender 6(2), 143–154.
Braidotti, Rosi. 2004. Feminismo, diferencia sexual y subjetividad nómade. Barcelona: Gedisa.
Butler, Judith et al. 2007. « Pour ne pas en finir avec le ‘genre’... Table ronde », Sociétés & Représentations 2(24), 285-306. DOI 10.3917/sr.024.0285
Butler, Judith.1990. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. New York: Routledge.
Favier, Anthony. 2012. La reception catholique des études de genre: Une approche historique, en contexte francophone. Le genre, approches d’épassionnées d'un débat, Lille, France. <halshs-00765786>
Graff, Agnieszka. 2016. “‘Gender Ideology’: Weak Concepts, Powerful Politics, in: Religion and Gender 6(2), 264–272.
Henriques, Fernanda. 2011. “Teologia e Feminismo”. In E Deus criou a Mulher. Mulheres e teologia, organizado por Anselmo Borges e Isabel Caldeira, pp. 13-33. Coimbra: Nova Delphi.
Henriques, Fernanda; Toldy, Teresa. 2012. “A conceção inferior do feminino como “entidade transparente” na Filosofia e na Teologia”. In Mulheres que ousaram ficar. Contributos para a Teologia feminista, organizado por F. Henriques, T. Toldy, Maria Carlos Ramos e Julieta Dias, pp. 212-164. Leça da Palmeira: Letras e Coisas.
Perintfalvi, Rita, 2016. “The True Face of the ‘Gender Ideology’ Discourse: Religious Fundamentalism, or Questioning the Principle of Democracy?”. Journal of the European Society of Women in Theological Research 24, 47-62.
Ruether, Rosemary Radford. 2008. Catholics Does Not Equal the Vatican: A Vision for Progressive Catholicism. New York: New Press.
Scott, Joan Wallach. 2010. “Gender: Still a Useful Category of Analysis?”, Diogenes, 57(1) . DOI/10.1177/0392192110369316.
Teresa Toldy. 2010. "A violência e o poder da(s. palavra(s.: a religião cristã e as mulheres". Revista Crítica de Ciências Sociais 89, 171-183.
Toldy, Teresa; Santos, Ana Cristina. 2016. "Religião, género e cidadania sexual: Uma introdução". Revista Crítica de Ciências Sociais 110, 43-50.
Plazo de envío:
El envío de los artículos deberá realizarse con escrupuloso cumplimiento de las normas de la revista hasta el 8 de Enero de 2018, para apem1991@gmail.com.
Los textos que no respeten las normas en cuanto a extensión, formato, citas y referencias bibliográficas serán excluidos en una primera selección antes de ser sometidos a arbitraje. En el plazo de cuatro semanas luego de la fecha límite de recepción, las/los autoras/es recibirán información sobre los resultados de la primera selección y el paso a la siguiente etapa, es decir, al envío, bajo condición de anonimato, para una revisión por pares (peer review) del texto. Este número será publicado en Mayo de 2018.
L’ « idéologie de Genre » et la Religion
ex æquo n.º 37
APPEL À CONTRIBUTIONS/CALL FOR PAPERS
Dossier: L’« idéologie de Genre » et la Religion.
Coordination de:
Teresa Toldy – Universidade Fernando Pessoa, Porto/Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Portugal
Fernanda Henriques – Labcom.IFP/Núcleo da Universidade de Évora/Professora Emérita da Universidade de Évora, Portugal
Carmen Bernabé – Universidad de Deusto, Espanha
Date limite de soumission : jusqu'au 8 janvier 2018 (à paraître en mai 2018)
La catégorie de “genre” est, depuis le début de son utilisation, polémique. Cela est vrai aussi bien dans un cadre plus directement lié aux activismes féministes, que dans le contexte des activismes antiféministes. Le conflit entre interprétations sur la validité ou le caractère néfaste de la catégorie de « genre » est également visible dans le contexte académique, celle-ci étant vue soit comme catégorie nécessaire aux études féministes, soit comme un obstacle à leur développement. Les théoriciennes du genre, elles-mêmes, ont des perspectives différentes sur le sens et la pertinence d’une telle catégorie (Braidotti 2004 ; Butler 1990 ; Butler et al. 2007 ; Scott 2010).
Cependant, depuis 2013, il arrive que l’expression idéologie de genre soit surtout réutilisée dans les discours de l’Église Catholique non seulement dans une perspective négative de la nature humaine du féminin, néfaste pour les femmes et, d’une certaine manière, contraire à un sain point de vue chrétien, mais aussi comme si le « genre » était un concept exempt de controverses et n’enfermait pas un immense éventail de perspectives (Favier 2012 ; Ruether 2008).
Ainsi, ces discours semblent relever, d’une part, de la méconnaissance des polémiques théoriques sur la question de la nature humaine au féminin et du concept de genre, et d’autre part, ils révèlent, eux-mêmes, une « idéologie de genre », à savoir que le discours des documents officiels de l’Église Catholique est, lui-même, révélateur d’une position idéologique de pouvoir face aux femmes – une perspective construite qui revendique être en correspondance avec « l’essence de la femme », définie en accord avec un plan transcendant inaltérable (Graff 2016 ; Bracke 2016 ; Perintfalvi 2016).
Cette position de l’ÉC a déjà dépassé le domaine religieux et confessionnel restreint, dans la mesure où elle a été véhiculée non seulement par les documents du Vatican ou les Conférences Épiscopales de différents pays, mais aussi par des groupes qui ont fait de la « critique à l’idéologie de genre » (identifiée comme la reconnaissance de genre en tant que construction sociale du sexe) une militance interférant dans l’éducation (voir, par example, “Do not mess with my kids: No to gender ideology”, in https://www.dejusticia.org/en/do-not-mess-with-my-kids-no-to-gender-ideology/).
Il importe, en raison de tout ce qui a été signalé, de montrer le leurre sur lequel l’expression « idéologie de genre » repose, d’autant plus que, d’autre part, le traitement de la question du « genre » a pris une importance de plus en plus grande dans le contexte des mouvements féministes de plusieurs religions, notamment des religions monothéistes.
Ayant comme présupposé que, même dans les Etats laïcs, les symboles religieux jouent un rôle essentiel dans l’établissement d’une représentation anthropologique symétrique des femmes et des hommes (Toldy 2010 ; Henriques 2011; Henriques e Toldy 2012 ; Toldy e Santos 2014), il est absolument indispensable également de traiter la problématique du genre du point de vue des discours religieux.
Ce numéro de la revue ex aequo prétend à des propositions d’articles qui contribuent à :
- Eclairer l’expression « idéologie de genre » et déconstruire les présupposés qui en supportent l’usage ;
- Construire un cadre théorique qui traite des différentes perspectives de la catégorie du « genre » ;
- Croiser de façon critique les questions de « genre » avec la position de l’Église Catholique sur cette question ;
- Présenter de façon critique des politiques ou des initiatives existantes actuellement pour une « dépolitisation des écoles » qui mise sur l’éradication de la dénommée « idéologie du genre ».
Références
Bracke, Sarah. 2016. “Unpacking the Sin of Gender”. Religion and Gender 6(2), 143–154.
Braidotti, Rosi. 2004. Feminismo, diferencia sexual y subjetividad nómade. Barcelona: Gedisa.
Butler, Judith et al. 2007. « Pour ne pas en finir avec le ‘genre’... Table ronde », Sociétés & Représentations 2(24), 285-306. DOI 10.3917/sr.024.0285
Butler, Judith.1990. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. New York: Routledge.
Favier, Anthony. 2012. La reception catholique des études de genre: Une approche historique, en contexte francophone. Le genre, approches d’épassionnées d'un débat, Lille, France. <halshs-00765786>
Graff, Agnieszka. 2016. “‘Gender Ideology’: Weak Concepts, Powerful Politics, in: Religion and Gender 6(2), 264–272.
Henriques, Fernanda. 2011. “Teologia e Feminismo”. In E Deus criou a Mulher. Mulheres e teologia, organizado por Anselmo Borges e Isabel Caldeira, pp. 13-33. Coimbra: Nova Delphi.
Henriques, Fernanda; Toldy, Teresa. 2012. “A conceção inferior do feminino como “entidade transparente” na Filosofia e na Teologia”. In Mulheres que ousaram ficar. Contributos para a Teologia feminista, organizado por F. Henriques, T. Toldy, Maria Carlos Ramos e Julieta Dias, pp. 212-164. Leça da Palmeira: Letras e Coisas.
Perintfalvi, Rita, 2016. “The True Face of the ‘Gender Ideology’ Discourse: Religious Fundamentalism, or Questioning the Principle of Democracy?”. Journal of the European Society of Women in Theological Research 24, 47-62.
Ruether, Rosemary Radford. 2008. Catholics Does Not Equal the Vatican: A Vision for Progressive Catholicism. New York: New Press.
Scott, Joan Wallach. 2010. “Gender: Still a Useful Category of Analysis?”, Diogenes, 57(1) . DOI/10.1177/0392192110369316.
Teresa Toldy. 2010. "A violência e o poder da(s. palavra(s.: a religião cristã e as mulheres". Revista Crítica de Ciências Sociais 89, 171-183.
Toldy, Teresa; Santos, Ana Cristina. 2016. "Religião, género e cidadania sexual: Uma introdução". Revista Crítica de Ciências Sociais 110, 43-50.
Date limite de soumission
La soumission d'articles doit respecter les directives de la revue présentées sur http://exaequo.apem-estudos.org/page/submissao-de-artigos?lingua=en (en anglais). Les articles doivent être envoyés jusqu'au 8 janvier 2018, à l'adresse eléctronique apem1991@gmail.com. Les textes qui ne respectent pas les normes relatives à l’extension, à la mise en forme et comment citer et lister les sources bibliographiques de référence seront exclus.