Apelo a contributos /Call for Papers
Data de submissão – 15 de maio de 2016 (a publicar em novembro de 2016)
Dossier: "Perspetivas interdisciplinares sobre o Femicídio"
Coordenadoras: Maria José Magalhães – FPCEUP /PT, Sofia Neves – ISMAI/PT, Conceição Nogueira – FPCEUP/PT e Yolanda Rodriguez Castro – Uvigo/ES
O femicídio, definido como “o assassinato de mulheres por serem mulheres” (Russell 1990[1]), está, de forma cada vez mais visível, presente na agenda científica e política.
O termo, não sendo completamente desconhecido nos países de língua inglesa, por surgir referenciado na literatura e no discurso judicial desde o início do século XIX, só foi tornado conhecido, em outras línguas, quando os movimentos feministas começaram a denunciar a regularidade dos assassinatos de mulheres e meninas associada a uma ideologia de género promotora da apropriação dos corpos (e das mentes) das mulheres.
Russell e colaboradores/as desenvolveram o conceito de femicídio para enfatizar o problema social que está na base das manifestações persistentes de sexismo na sua forma extrema, “o assassinato de mulheres pelos homens motivado por ódio, desprezo, prazer ou sentimento de propriedade face às mulheres" (Caputi & Russel 1992, 425; ver também Harmes & Russel 2001).
Na sequência de três décadas de lutas sociais feministas exigindo políticas e medidas legais de combate à violência de género, os dados nacionais e internacionais apontam para uma certa estabilidade dos homicídios cometidos pelos homens contra as mulheres, quer seja no âmbito das relações de intimidade, quer no contexto de outras situações que configuram relações de género desiguais entre mulheres e homens.
Dados provenientes de 66 países (incluindo Portugal) indicam que 13.5% dos homicídios são cometidos por parceiros e que essa percentagem é seis vezes maior no caso das mortes de mulheres, em comparação com as mortes de homens (38.6%). Assim, estima-se que um em sete homicídios, no geral, e 1/3 dos homicídios de mulheres, em particular, sejam perpetrados por parceiros (Stöckl et al. 2013).
Este número especial da Ex Aequo toma como referência as questões do femicídio, a partir de diversas perspectivas científicas, no amplo domínio dos Estudos sobre as Mulheres, Estudos de Género, Estudos Feministas e Estudos Queer – tais como a Sociologia, a Psicologia, a Educação, as Artes e a Literatura, a Antropologia, o Direito, a Criminologia, a História, a Economia, entre outras.
Os artigos podem versar, entre outros, os seguintes tópicos e questões:
- Qual a relação entre as taxas de femicídio e o movimento social mais amplo que é o feminismo? Quais são as implicações para o feminismo e para o ativismo no futuro?
- Qual a relação entre as políticas sociais e o femicídio?
- Qual a relação entre a construção social de género e o femicídio?
- De que forma o femicídio na intimidade em casais do mesmo sexo desafia ou complementa a noção de femicídio?
- Interseccionalidade e sua relevância para os feminismos contemporâneos. Como tem vindo o femicídio a ser debatido e combatido no seio dos movimentos sociais feministas pós-positivistas? Quais as implicações para os feminismos e os ativismos do futuro?
- Femicídio e avaliação do risco. Que fatores e processos aumentam a vulnerabilidade e o risco de femicídio? Que medidas (e com que nível de eficácia) têm sido adotadas para reduzir a vulnerabilidade e o risco?
- Femicídio nos media. Que narrativas mediáticas são construídas em torno do femicídio? Qual o impacto destas na manutenção representação social do crime e dos seus agentes?
- Femicídio, cultura e educação.
- Como pode o femicídio ser entendido no seio dos Estudos Pós-Coloniais e Subalternos?
- Femicídio e mal-estar psicológico. Quais os efeitos do femicídio na saúde e no bem-estar das vítimas indiretas?
Referências:
Caputi, Jill and Diana E.H. Russell. 1990. “Femicide: Speaking the unspeakable”. Ms.: The World of Women, Vol. 1, No. 2, September/October 1990, pp. 34-37.
Russell, Diana E.H. and R. Harmes. (Eds.). 2001. Femicide in Global Perspective. New York: Teachers College Press.
Stöckl, Heidi, et al. 2013. ‘The Global Prevalence of Intimate Partner Homicide: A Systematic Review.’ Lancet, Vol. 382, Iss. 9895, pp. 859–65.
Prazo de envio:
Envio de artigos com escrupuloso cumprimento segundo normas apresentadas em http://www.apem-estudos.org/pt/page/submissao-de-artigos, até 15 de maio de 2016 (extensão de prazo), para o endereço (apem1991@gmail.com).
Os textos que não respeitarem as normas quanto à extensão, à formatação e ao modo de citar e referenciar as fontes bibliográficas serão excluídos numa primeira triagem antes de serem submetidos a arbitragem. No prazo de quatro semanas após a data limite de receção, as/os autoras/es receberão a informação sobre os resultados da primeira triagem e a passagem à etapa seguinte, isto é, a submissão à arbitragem científica do texto. A data prevista de saída deste número especial é novembro de 2016.
Deadline: May 15 (for publication in November 2016)
Guest Editors: Maria José Magalhães – FPCEUP /PT, Sofia Neves – ISMAI/PT, Conceição Nogueira – FPCEUP/PT e Yolanda Rodriguez Castro – Uvigo/ES
Femicide defined as “the killing of women because they are women” (Russell 1990[1]) is increasingly present in political and scientific agenda.
The word was not entirely unknown in English speaking countries — in so far some references in literature and in the courts can be tracked from the beginning of the 19th century. However, in other languages this term was unknown until feminist movements brought to light the regularity of killings of women and girls related with a gender ideology in which female bodies (and minds) are seen as men’s properties.
Russel and colleagues elaborated further this definition to highlight the social problem of the regular manifestations of sexism in its extreme form, “the murder of women by men motivated by hatred, contempt, pleasure, or a sense of ownership of women” (Caputi & Russel 1992, 425; see also Harmes & Russel 2001).
Following the last three decades of social feminist struggles to demand State policies and legislations on violence against women, national and international data seems to show a relative stability in the killings of women by males either in intimate partner relationships or in other situations that point to the power differential between women and men in society.
Evidence obtained on 66 countries (including Portugal) reports that 13.5% of homicides were committed by an intimate partner and this proportion proves six times higher for female homicides than for male homicides (38.6%). Thus, at least one in seven homicides globally and over one third of female homicides are perpetrated by an intimate partner (Stöckl et al. 2013).
This thematic dossier of the ex æquo will consider issues around femicide, from diverse scientific points of view, in the broad field of women’s studies, gender studies, feminist studies and queer studies — such as sociology, psychology, education, arts and literature, anthropology, law, criminology, history, economy, among others.
Possible topics and questions, among others, include:
- What is the relation between rates of femicide and the global movement of feminism? Which are the implications for the feminism and the activism in near the future?
- Femicide and Social Policies. What is the relation between social policies and femicide?
- Femicide and Gender. What is the relation between the social construction of gender and femicide?
- Femicide and Same sex-couples. How killings by intimate partners in same sex-couples defy or complement the notion of femicide?
- Intersectionality debates on femicide and relevance to contemporary feminisms. How femicide has been discussed and combated within post-positivism feminist social movements? What are the implications for feminism and activism in the future?
- Femicide and risk evaluation. Which factors and processes increase vulnerability and risk to femicide? What measures (and level of efficacy) have been adopted to reduce vulnerability and risk to femicide?
- Femicide and media. Which media narratives are constructed on femicide? What is the impact of these on maintaining social representation about crime and their agents?
- Femicide and culture. How femicide can be understood in the light of post-colonial and subaltern studies?
- Femicide and unwellness. What are the effects of femicide in the health and well-being of indirect victims?
References:
Caputi, Jill and Diana E.H. Russell. 1990. “Femicide: Speaking the unspeakable”. Ms.: The World of Women, Vol. 1, No. 2, September/October 1990, pp. 34-37.
Russell, Diana E.H. and R. Harmes. (Eds.). 2001. Femicide in Global Perspective. New York: Teachers College Press.
Stöckl, Heidi, et al. 2013. ‘The Global Prevalence of Intimate Partner Homicide: A Systematic Review.’ Lancet, Vol. 382, Iss. 9895, pp. 859–65.
Deadline and guidelines for submission
All submissions have to abide by the publication guidelines of ex æquo, which are available at http://www.apem-estudos.org/en/page/apresentacao-da-revista, and the papers should be sent until (extended deadline – May 15, 2016 to the e-mail apem1991@gmail.com
The submissions that do not abide by the publication guidelines of ex æquo (e.g. references, tables and figures, article length) will be immediately excluded from the arbitrage process. Within four weeks after submission, the authors will receive an email informing of the decision to send the paper for peer review or the exclusion from the arbitrage process. The date due for publication of this special number is November of 2016.
Data de sumisión – 15 de mayo (a publicar en noviembre de 2016)
“Perspetivas interdisciplinares sobre el Femicidio”
Coordinadoras: Maria José Magalhães – FPCEUP /PT, Sofia Neves – ISMAI/PT, Conceição Nogueira – FPCEUP/PT e Yolanda Rodriguez Castro – Uvigo/ES
El femicidio definido como "el asesinato de mujeres por ser mujeres" (Russel, 1990) está consiguiendo una mayor visibilidad en las agendas políticas y científicas.
La palabra de “femicidio” no era de todo desconocida en países de habla inglesa – ya que se referenciaba en la literatura y en los tribunales desde el principio del siglo XIX. Sin embargo, en otros idiomas no se conocía hasta que el movimiento feminista sacó a la luz los asesinatos de mujeres y niñas relacionados con la ideología de género basada en la apropiación de los cuerpos femeninos (y sus mentes).
Russel y sus colaboradores/as profundizaron en la definición de femicidio para visibilizar este problema social entendido como la materialización del sexismo en su forma más extrema, como "el asesinato de mujeres por los hombres motivados por el odio, el desprecio, placer, o un sentido de propiedad de las mujeres" (Caputi & Russel 1992, 425; ver también Harmes & Russel 2001).
En relación a las tres últimas décadas de luchas feministas para exigir políticas de Estado y una legislación sobre la violencia contra la mujer, los datos internacional parecen mostrar una relativa estabilidad en los asesinatos de mujeres por los hombres, ya sea en las relaciones de pareja o en otras situaciones que apuntan a la diferencia de poder entre mujeres y hombres en la sociedad.
Datos de 66 países (incluyendo Portugal) indican que un 13.5% de los homicidios son cometidos por parejas y que ese porcentaje es seis veces mayor en el caso de las mujeres asesinadas, en comparación con las muertes de hombres. Así, se estima que uno de cada siete homicidios, en general, y un 1/3 de homicidios de mujeres, en particular, son cometidos por sus parejas (Stöckl et al. 2013).
Este número especial de la ex æquo se centrará en cuestiones relacionadas con el femicidio, desde diversos puntos de vista científico, en el amplio campo de los estudios de la mujer, estudios de género, estudios feministas y los estudios queer - tales como la sociología, la psicología, las artes y la literatura, la antropología, el derecho, la criminología, la historia, la economía, entre otros.
- Los manuscritos pueden versar sobre los siguientes temas y cuestiones:
¿Cuál es la relación entre las tasas de femicidio y el movimiento social más amplio que es el feminismo? ¿Cuáles son las implicaciones para el feminismo y el activismo en el futuro?
- ¿Cuál es la relación entre las políticas sociales y el femicidio?
- ¿Cuál es la relación entre la construcción social de género y el femicidio? ¿Cómo los homicidios cometidos por la pareja en parejas del mismo sexo desafían o complementan el concepto de femicidio?
- Debates interseccionales sobre el femicidio y la pertinencia de los feminismos contemporáneos. ¿Cómo se interpreta el femicidio y se combate en el seno de los movimientos sociales feministas post-positivistas? ¿Cuáles son las implicaciones para los feminismos y los activismos en el futuro?
- Femicidio y evaluación del riesgo. ¿Qué factores aumentan la vulnerabilidad y el riesgo de femicidio? ¿Qué medidas (y con qué nivel de efectividad) han sido adoptadas para reducir la vulnerabilidad y el riesgo de femicidio?
- Femicidio en los medios de comunicación. ¿Qué narrativas mediáticas son construidas sobre el femicidio? ¿Cuál es su impacto en el mantenimiento de la representación social del crimen y de sus agentes?
- El femicidio, la cultura y la educación.
- ¿Cómo puede entenderse el femicidio a la luz de los estudios poscoloniales y subalternos?
- Femicidio y malestar psicológico. ¿Cuáles son las consecuencias del femicidio en la salud y en el bienestar de las víctimas indirectas?
Referencias:
Caputi, Jill and Diana E.H. Russell. 1990. “Femicide: Speaking the unspeakable”. Ms.: The World of Women, Vol. 1, No. 2, September/October 1990, pp. 34-37.
Russell, Diana E.H. and R. Harmes. (Eds.). 2001. Femicide in Global Perspective. New York: Teachers College Press.
Stöckl, Heidi, et al. 2013. ‘The Global Prevalence of Intimate Partner Homicide: A Systematic Review.’ Lancet, Vol. 382, Iss. 9895, pp. 859–65.
Plazo de envío:
El envío de los artículos deberá realizarse con escrupuloso cumplimiento de las normas presentadas en http://www.apem-estudos.org/en/page/submissao-de-artigos, hasta el 15 de mayo de 2016 para apem1991@gmail.com.
Los textos que no respeten las normas en cuanto a extensión, formato, y al modo de citar y referenciar fuentes bibliográficas serán excluidos en una primera selección antes de ser sometidos a arbitraje. En el plazo de cuatro semanas luego de la fecha límite de recepción, las/los autoras/es recibirán información sobre los resultados de la primera selección y el paso a la siguiente etapa, es decir, al envío para una revisión por pares (peer review) del texto. La fecha prevista para la publicación de este número especial es noviembre de 2016.