Mulheres na imprensa colonial: discursos e representações
Coordenação:
Jessica Falconi (Centro de Estudos sobre África, Ásia e América Latina, ISEG-ULisboa)
Doris Wieser (Centro de Estudos Comparatistas-FLUL)
PRAZO DE ENVIO – 30 NOVEMBRO 2018
(a publicar em junho 2019)
Este dossier pretende focar a presença das mulheres na imprensa periódica colonial, entendida enquanto arquivo multiforme e multi-localizado, que inclui tanto as publicações periódicas sediadas nas antigas colónias portuguesas, quanto aquelas publicadas na metrópole sobre temática colonial. Trata-se de um arquivo produtor de ‘redes de discurso’ (Helgesson, 2011) e de ‘histórias conectadas’ (Codell, 2003), mas também de silêncios e omissões ainda por iluminar. No âmbito dos estudos sobre a memória cultural, o conceito de ‘arquivo’ traduz-se em ‘memória em depósito’. Para Assmann (2011), essa contém elementos esquecidos da história, não usados num determinado momento, constituindo um reservatório de conhecimento que pode ser aproveitado para uma mudança ou renovação da ‘memória em função’ que está condicionada pelas estruturas de poder vigentes. Nesse sentido, queremos questionar em que medida o estudo da presença das mulheres na imprensa periódica colonial pode contribuir para a criação de uma memória em função diversificada, mais inclusiva ou até contra-hegemónica. Pretendemos interrogar este arquivo, a partir também da opacidade do conceito ‘mulheres’ enquanto sujeito sociológico unitário, especialmente quando aplicado ao contexto colonial, onde diferenças de classe, raça e etnicidade marcaram de forma significativa representações, discursos e posicionamentos políticos e ideológicos (Midgley, 1998; Levine, 2004).
No que diz respeito à participação das mulheres na imprensa periódica dentro do espaço que foi considerado o império português, os estudos existentes têm focado sobretudo a colaboração literária de vozes proeminentes das literaturas de língua portuguesa emergidas nos espaços outrora coloniais (Owen, 2007; Mendonça, 1989). No entanto, a colaboração das mulheres, tanto nas chamadas ‘Páginas femininas’ ou ‘Páginas da mulher’, quanto noutros domínios e matérias, permanece ainda por explorar de forma mais sistemática. Através de tópicos diversos, alguns dos quais tradicionalmente associados ao mundo ‘feminino’ – literatura, educação, higiene, cuidados domésticos, culinária, moda, etc. – negoceiam-se, nestas páginas, construções de género, classe e raça; ideias de civilização e modernidade (Havstad, 2016), bem como tradições e valores locais e/ou nacionais. Negoceiam-se, também, reproduções e/ou contestações do discurso colonial, produzindo-se posicionamentos ambivalentes, e narrativas tanto individuais quanto coletivas.
Alguns dos tópicos relevantes nesse sentido prendem-se com as seguintes questões: Que papel conferia a imprensa colonial às mulheres enquanto colaboradoras ativas e como eram por elas avaliadas as atividades domésticas, económicas, políticas e intelectuais? Que lugares lhes estavam reservados e quais eram de difícil acesso? Tendo em conta que uma parte significativa da colaboração na imprensa colonial provinha de mulheres brancas da classe média, de que modo se equacionava ‘o fardo da mulher branca’ (Burton, 1990) e como se representavam as diferentes construções racializadas das mulheres?
A partir de estudos de caso ou de reflexões mais abrangentes, pretendemos colocar a análise da presença das mulheres na imprensa periódica colonial numa área de intersecção entre os estudos sobre o colonialismo e os estudos de género e das mulheres. Além disso, e visto a escassez de estudos realizados até agora sobre as mulheres na imprensa colonial do antigo império português (Havstad 2016; Owen 2007), o dossier também pretende estimular abordagens comparativas com estudos sobre as mulheres na imprensa colonial de outros contextos linguísticos como o anglófono, francófono ou hispânico. Sirva a bibliografia anexada como primeira fonte de inspiração ou de apoio nesse sentido.
Referencias
Assmann, Aleida. 2011. Cultural Memory and Western Civilization: Functions, Media, Archives. Cambridge: Cambridge University Press.
Burton, Antoinette M. 1990. “The white woman's burden: British feminists and the Indian woman, 1865–1915”. Women's Studies International Forum (13: 4): 295-308.
Codell, Julie F., org. 2003. Imperial Co-histories: National Identities and the British and Colonial Press. Madison and Teaneck, NJ: Fairleigh Dickinson University Press; London: Associated University Press.
Brown, Megan. 2006. “A Literary Fortune: Mary Fortune's Life in the Colonial Periodical Press”. In The Unsociable Sociability of Women's Lifewriting, organizado por Anne Collett e Louise D'Arcens, 128-147. New York: Palgrave Macmillan.
García López, Ana Belén. 2011. “La participación de las mujeres en la independencia hispanoamericana a través de los medios de comunicación”. Historia y Comunicación Social (16): 33-49.
Havstad, Lilly. 2016. “Multiracial Women and the African Press in Post-World War II Lourenço Marques, Mozambique”, South African Historical Journal (68:3): 216, 390-414.
Helgesson, Stefan. 2011. Transnationalism in Southern African Literature: Modernists, Realists, and the Inequality of Print Culture. New York: Routledge.
Holdridge, Christopher. 2010. “Circulating the African Journal: The Colonial Press and Trans-Imperial Britishness in the Mid Nineteenth-Century Cape”. South African Historical Journal (62:3): 487-513.
Levine, Philippa, org. 2004. Gender and Empire. Oxford: Oxford University Press.
Mendonça, Fátima. 1989. Literatura moçambicana: a história e as escritas. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
Meléndez, Mariselle. 2002. “Representing Gender, Deviance, and Heterogeneity in the Eighteenth‐Century Peruvian Newspaper Mercurio Peruano”, In Colonialism Past and Present: The Politics of Reading and Writing about Colonial Latin American Texts Today, organizado por Alvaro Félix Bolaños e Gustavo Verdesio, 175‐195. New York: SUNY University Press, 2002.
Midgley, Claire, org. 1998. Gender and Imperialism. Manchester: Manchester University Press.
Owen, Hilary. 2007. Mother Africa, Father Marx: Women’s Writing of Mozambique 1948–2002. Lewisburg: Bucknell University Press.
Pereda, Alicia. 2003. “De las ‘damas melindrosas’ a las ‘señoritas amables’: las mujeres en la prensa mexicana a comienzos del siglo XIX”, Cuadernos americanos (100): 160‐180.
Poupeney Hart, Catherine. 2010. “Prensa periódica y letras coloniales”, Tinkuy 14.
Quirk, Denise P. 2003. “‘True Englishwomen’ and ‘Anglo-Indians’: Gender, National Identity, and Feminism in the Victorian Women's Periodical Press”. In: Imperial co-histories: national identities and the British and colonial press organizado por Julie F. Codell, 167-187. Madison, N.J.: Fairleigh Dickinson University Press.
Prazo de envio:
Envio de artigos, com escrupuloso cumprimento das normas da revista apresentadas em http://www.apem-estudos.org/pt/page/submissao-de-artigos, até 30 de novembro de 2018, para o endereço apem1991@gmail.com. Os textos que não respeitarem as normas quanto à extensão, à formatação e ao modo de citar e referenciar as fontes bibliográficas serão excluídos numa primeira triagem antes de serem submetidos a arbitragem cientifica. No prazo de quatro semanas após a data limite de receção, as/os autoras/es receberão a informação sobre os resultados da primeira triagem e a passagem à etapa seguinte, isto é, da submissão, sob anonimato, à dupla arbitragem científica do texto. A data prevista de saída deste número é junho de 2019.
Além das submissões para os dossiers temáticos, a ex æquo aceita permanentemente contributos para as secções de Estudos e Ensaios e Recensões.
Women in the colonial periodical press: discourses and representations
Coordination:
Jessica Falconi (CEsA-ULisboa)
Doris Wieser (CEC-FLUL)
SUBMISSION – 30 NOVEMBER 2018
(to be published in June 2019)
This dossier intends to focus on the presence of women in the periodical colonial press, understood as a multiform and multi-located archive which includes both the periodicals published in the former Portuguese colonies and those published in the metropolis on colonial themes. It is an archive that produces a ‘discourse network’ (Helgesson, 2011) and ‘co-histories’ (Codell, 2003), but also silences and omissions that still need to be highlighted. In the context of cultural memory studies, the concept of ‘archive’ translates into ‘storage memory’. For Assmann (2011), the storage contains forgotten elements of history which are not used at a given moment but constitute a reservoir of knowledge that can be harnessed for a change or renewal of the current ‘functional memory’, which is conditioned by the existing structures of power. In this sense, we want to question the extent to which the study of the presence of women in the colonial periodical press can contribute to the creation of a diversified, more inclusive or even counterhegemonic ‘functional memory’. Our aim also consists in questioning, in this archive, the opacity of the concept of ‘women’ as a unitary sociological subject, especially when it is applied to the colonial context, where differences in class, race and ethnicity markedly represent political and ideological representations, discourses and positions (Midgley, 1998; Levine, 2004).
As for the participation of women in the periodical press within the space that was considered the Portuguese empire, the existing studies have focused mainly on the literary collaboration of prominent voices of the lusophone literatures emerged in the colonial times (Owen, 2007, Mendonça, 1989). However, the collaboration of women in the so-called ‘Feminine Pages’ or ‘Women's Pages’, as well as in other areas and matters, remains to be explored in a more systematic way. In these pages the categories gender, class and race, the ideas of civilization and modernity (Havstad, 2016) as well as local and/or national traditions and values are negotiated within various topics. Some of these topics are traditionally associated with the ‘feminine’ world: literature, education, hygiene, domestic care, cooking, fashion, etc. Besides, these pages negotiate reproductions and/or contestations of the colonial discourse, producing ambivalent positions and both individual and collective narratives.
Some of the relevant topics are related to the following questions: What role did the colonial press confer to women as active collaborators and how were domestic, economic, political and intellectual activities evaluated by women? Which places were reserved for them and which were difficult to access? Given that a significant part of the collaboration in the colonial press came from middle-class white women, how was the ‘white woman's burden’ equated (Burton, 1990) and how were the different racialized constructions of women represented?
Through case studies or broader reflections, we intend to place the analysis of the presence of women in the periodical colonial press in an area of intersection between the studies on colonialism and gender and women’s studies. In addition, and given the scarcity of studies carried out so far on women in the colonial press of the former Portuguese empire (Havstad 2016; Owen 2007), the dossier also aims to stimulate comparative approaches with studies on women in the colonial press of other linguistic contexts such as English-speaking, French-speaking or Hispanic. May the attached bibliography serve as a first source of inspiration or support in this regard.
References
Assmann, Aleida. 2011. Cultural Memory and Western Civilization: Functions, Media, Archives. Cambridge: Cambridge University Press.
Burton, Antoinette M. 1990. “The white woman's burden: British feminists and the Indian woman, 1865–1915”. Women's Studies International Forum (13: 4): 295-308.
Codell, Julie F., org. 2003. Imperial Co-histories: National Identities and the British and Colonial Press. Madison and Teaneck, NJ: Fairleigh Dickinson University Press; London: Associated University Press.
Brown, Megan. 2006. “A Literary Fortune: Mary Fortune's Life in the Colonial Periodical Press”. In The Unsociable Sociability of Women's Lifewriting, organizado por Anne Collett e Louise D'Arcens, 128-147. New York: Palgrave Macmillan.
García López, Ana Belén. 2011. “La participación de las mujeres en la independencia hispanoamericana a través de los medios de comunicación”. Historia y Comunicación Social (16): 33-49.
Havstad, Lilly. 2016. “Multiracial Women and the African Press in Post-World War II Lourenço Marques, Mozambique”, South African Historical Journal (68:3): 216, 390-414.
Helgesson, Stefan. 2011. Transnationalism in Southern African Literature: Modernists, Realists, and the Inequality of Print Culture. New York: Routledge.
Holdridge, Christopher. 2010. “Circulating the African Journal: The Colonial Press and Trans-Imperial Britishness in the Mid Nineteenth-Century Cape”. South African Historical Journal (62:3): 487-513.
Levine, Philippa, org. 2004. Gender and Empire. Oxford: Oxford University Press.
Mendonça, Fátima. 1989. Literatura moçambicana: a história e as escritas. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
Meléndez, Mariselle. 2002. “Representing Gender, Deviance, and Heterogeneity in the Eighteenth‐Century Peruvian Newspaper Mercurio Peruano”, In Colonialism Past and Present: The Politics of Reading and Writing about Colonial Latin American Texts Today, organizado por Alvaro Félix Bolaños e Gustavo Verdesio, 175‐195. New York: SUNY University Press, 2002.
Midgley, Claire, org. 1998. Gender and Imperialism. Manchester: Manchester University Press.
Owen, Hilary. 2007. Mother Africa, Father Marx: Women’s Writing of Mozambique 1948–2002. Lewisburg: Bucknell University Press.
Pereda, Alicia. 2003. “De las ‘damas melindrosas’ a las ‘señoritas amables’: las mujeres en la prensa mexicana a comienzos del siglo XIX”, Cuadernos americanos (100): 160‐180.
Poupeney Hart, Catherine. 2010. “Prensa periódica y letras coloniales”, Tinkuy 14.
Quirk, Denise P. 2003. “‘True Englishwomen’ and ‘Anglo-Indians’: Gender, National Identity, and Feminism in the Victorian Women's Periodical Press”. In: Imperial co-histories: national identities and the British and colonial press organizado por Julie F. Codell, 167-187. Madison, N.J.: Fairleigh Dickinson University Press.
Deadline and guidelines for submission
All submissions have to abide by the publication guidelines of ex æquo, which are available at http://www.apem-estudos.org/en/page/apresentacao-da-revista, and the papers should be sent until 30 of November 2018, to the e-mail apem1991@gmail.com. The submissions that do not abide by the publication guidelines of ex æquo (e.g. references, tables and figures, article length) will be immediately excluded from the arbitrage process. Within four weeks after submission, the authors will receive an email informing of the decision to send the paper for peer review or the exclusion from the arbitrage process. The date due for publication of this special number is June 2019.
The call for non-themed submissions (articles and reviews) is continuously open.
Mujeres en la prensa colonial: discursos y representaciones
Coordination:
Jessica Falconi (CEsA-ULisboa)
Doris Wieser (CEC-FLUL)
PLAZO DE ENVÍO – 30 NOVIEMBRE 2018
(a publicar en junio 2019)
Este dossier tiene la intención de centrarse en la presencia de las mujeres en la prensa periódica colonial, entendida como archivo multiple y multi-localizado, que incluye tanto las publicaciones periódicas basadas en las antiguas colonias portuguesas, como aquellas publicadas en la metrópolis, sobre temas coloniales. Se trata de un archivo productor de «redes de discurso» (Helgesson, 2011) y de «historias conectadas» (Codell, 2003), pero también de silencios y omisiones aún por señalar. En el ámbito de los estudios sobre la memoria cultural, el concepto de «archivo» se traduce en «memoria en depósito». Para Assmann (2011), ésta contiene elementos olvidados de la historia, que no han sido usados, pero que constituyen un depósito de conocimiento que puede ser aprovechado para un cambio o renovación de la «memoria en función» que está condicionada por las estructuras de poder vigentes. En este sentido, queremos preguntarnos en qué medida el estudio de la presencia de las mujeres en la prensa periódica colonial puede contribuir a la creación de una «memoria en función» diversificada, más inclusiva o incluso contrahegemónica. Pretendemos interrogar este archivo, a partir también de la opacidad del concepto "mujeres" como sujeto sociológico unitario, especialmente cuando se aplica al contexto colonial, donde diferencias de clase, raza y etnicidad marcaron de forma significativas representaciones, discursos y posicionamientos políticos e ideológicos (Midgley, 1998; Levine, 2004).
Por lo que atañe a la participación de las mujeres en los periódicos del imperio portugués, los estudios existentes se han centrado sobre todo en la colaboración literaria de voces prominentes de las literaturas de lengua portuguesa surgidas en las antiguas zonas coloniales (Owen, 2007; Mendonça, 1989). Sin embargo, la colaboración de las mujeres, tanto en las llamadas «Páginas femeninas» o «Páginas de la mujer», como en otros ámbitos y materias, sigue estando por explorar de forma más sistemática. A través de tópicos diversos, algunos de los cuales tradicionalmente asociados al mundo «femenino» (literatura, educación, higiene, cuidado doméstico, gastronomía, moda, etc.) se negocian, en estas páginas, construcciones de género, clase y raza; ideas de civilización y modernidad (Havstad, 2016), así como tradiciones y valores locales y/o nacionales. Se negocian, también, reproducciones y/o contestaciones del discurso colonial, produciéndose posicionamientos ambivalentes, y narrativas tanto individuales como colectivas.
Algunos de los tópicos relevantes, en este sentido, se refieren a las siguientes cuestiones: ¿Qué papel confería la prensa colonial a las mujeres como colaboradoras activas y cómo se evaluaban las actividades domésticas, económicas, políticas e intelectuales? ¿Qué lugares les estaban reservados y cuáles eran de difícil acceso? Teniendo en cuenta que una parte significativa de la colaboración en la prensa colonial provenía de mujeres blancas de la clase media, ¿de qué modo se evaluaba 'la carga de la mujer blanca' (Burton, 1990) y cómo se representaban las diferentes construcciones racializadas de las mujeres?
A partir de estudios de caso o de reflexiones más amplias, pretendemos colocar el análisis de la presencia de las mujeres en la prensa periódica colonial en un área de intersección entre los estudios sobre el colonialismo y los estudios de género y de las mujeres. Por otra parte, dada la escasez de estudios llevados a cabo hasta la fecha sobre las mujeres en la prensa colonial del imperio portugués (Havstad 2016; Owen 2007), este dossier también tiene la intención de fomentar enfoques comparativos con los estudios sobre la mujer en la prensa colonial de otros orígenes lingüísticos como el anglófono, francófono o hispano. Sirva la bibliografía adjunta como primera fuente de inspiración o de apoyo en ese sentido.
Referencias
Assmann, Aleida. 2011. Cultural Memory and Western Civilization: Functions, Media, Archives. Cambridge: Cambridge University Press.
Burton, Antoinette M. 1990. “The white woman's burden: British feminists and the Indian woman, 1865–1915”. Women's Studies International Forum (13: 4): 295-308.
Codell, Julie F., org. 2003. Imperial Co-histories: National Identities and the British and Colonial Press. Madison and Teaneck, NJ: Fairleigh Dickinson University Press; London: Associated University Press.
Brown, Megan. 2006. “A Literary Fortune: Mary Fortune's Life in the Colonial Periodical Press”. In The Unsociable Sociability of Women's Lifewriting, organizado por Anne Collett e Louise D'Arcens, 128-147. New York: Palgrave Macmillan.
García López, Ana Belén. 2011. “La participación de las mujeres en la independencia hispanoamericana a través de los medios de comunicación”. Historia y Comunicación Social (16): 33-49.
Havstad, Lilly. 2016. “Multiracial Women and the African Press in Post-World War II Lourenço Marques, Mozambique”, South African Historical Journal (68:3): 216, 390-414.
Helgesson, Stefan. 2011. Transnationalism in Southern African Literature: Modernists, Realists, and the Inequality of Print Culture. New York: Routledge.
Holdridge, Christopher. 2010. “Circulating the African Journal: The Colonial Press and Trans-Imperial Britishness in the Mid Nineteenth-Century Cape”. South African Historical Journal (62:3): 487-513.
Levine, Philippa, org. 2004. Gender and Empire. Oxford: Oxford University Press.
Mendonça, Fátima. 1989. Literatura moçambicana: a história e as escritas. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
Meléndez, Mariselle. 2002. “Representing Gender, Deviance, and Heterogeneity in the Eighteenth‐Century Peruvian Newspaper Mercurio Peruano”, In Colonialism Past and Present: The Politics of Reading and Writing about Colonial Latin American Texts Today, organizado por Alvaro Félix Bolaños e Gustavo Verdesio, 175‐195. New York: SUNY University Press, 2002.
Midgley, Claire, org. 1998. Gender and Imperialism. Manchester: Manchester University Press.
Owen, Hilary. 2007. Mother Africa, Father Marx: Women’s Writing of Mozambique 1948–2002. Lewisburg: Bucknell University Press.
Pereda, Alicia. 2003. “De las ‘damas melindrosas’ a las ‘señoritas amables’: las mujeres en la prensa mexicana a comienzos del siglo XIX”, Cuadernos americanos (100): 160‐180.
Poupeney Hart, Catherine. 2010. “Prensa periódica y letras coloniales”, Tinkuy 14.
Quirk, Denise P. 2003. “‘True Englishwomen’ and ‘Anglo-Indians’: Gender, National Identity, and Feminism in the Victorian Women's Periodical Press”. In: Imperial co-histories: national identities and the British and colonial press organizado por Julie F. Codell, 167-187. Madison, N.J.: Fairleigh Dickinson University Press.
Plazo de envío
Envío de artículos, con escrupuloso cumplimiento de las normas de la revista presentadas en http://www.apem-estudos.org/es/page/submissao-de-artigos, hasta el 30 de noviembre de 2018, a la dirección apem1991@gmail.com . Los textos que no respeten las normas en cuanto a la extensión, al formato y al modo de citar y referenciar las fuentes bibliográficas serán excluidos en una primera clasificación antes de ser enviados a arbitraje científico. En el plazo de cuatro semanas después de la fecha límite de recepción, las/los autoras/es recibirán la información sobre los resultados de la primera clasificación y el paso a la etapa siguiente, es decir, el envío, bajo anonimato, al doble arbitraje científico del texto. La fecha prevista de salida de este número es junio de 2019.
Además de los envíos para los dossieres temáticos, la ex æquo acepta permanentemente contribuciones a las secciones de Estudios y Ensayos y Reseña.
Femme et presse périodique coloniale: discours et représentations
Coordination:
Jessica Falconi (CEsA-ULisboa)
Doris Wieser (CEC-FLUL)
DÉLAI D’ENVOI – 30 NOVEMBRE 2018
(à publier en juin 2019)
Ce dossier a l'intention de se concentrer sur la présence des femmes dans la presse périodique coloniale, comprise comme des archives multiformes et multi-localisées, qui comprend à la fois les publications périodiques basées dans les anciennes colonies portugaises et celles publiées dans la métropole sur des thèmes coloniaux. Il s’agit d’une archive qui produit des « réseaux de discours » (Helgesson, 2011) et des « histoires connectées » (Codell, 2003), mais aussi des silences et des omissions qui restent à éclairer. Dans le contexte des études sur la mémoire culturelle, le concept d'« archive » se traduit par « mémoire de stockage ». Pour Assmann (2011), celle-ci contient des éléments oubliés de l'histoire, non utilisés à un moment donné, constituant un réservoir de connaissances qui peut être employé pour changer ou produire un renouvellement de la « mémoire fonctionnelle » qui, à son tour, est conditionnée par les structures de pouvoir existantes. En ce sens, nous nous interrogeons dans quelle mesure l'étude de la présence des femmes dans la presse périodique coloniale peut contribuer à la création d'une mémoire fonctionnelle diversifiée, plus inclusive voire même contre-hégémonique. Nous avons l'intention d'examiner cette archive, en tenant compte de l'opacité du concept « femmes » en tant que sujet sociologique unitaire, en particulier lorsqu'il est appliqué au contexte colonial, où les différences de classe, de race et d’ethnicité ont marqué de façon significative les représentations, les discours et les positions politiques et idéologiques (Midgley, 1998, Levine, 2004).
En ce qui concerne la participation des femmes dans la presse périodique au sein de l'espace qui a été considéré comme l'empire portugais, les études existantes se sont concentrées principalement sur la collaboration littéraire des voix proéminentes de la littérature en portugais qui ont émergé dans l’ancien espace colonial (Owen, 2007; Mendonça, 1989). Cependant, la collaboration des femmes, aussi bien dans les « pages féminines » ou les «pages de femmes» que dans d'autres domaines et matières, reste encore à explorer de manière plus systématique. Par le biais de sujets divers, dont certains sont traditionnellement associés au « féminin » - la littérature, l'éducation, l'hygiène, les soins domestiques, la cuisine, la mode, etc. - les constructions de genre, de classe et de race sont négociées dans ces pages, ainsi que des idées de civilisation et de modernité (Havstad, 2016) et des traditions et des valeurs locales et/ ou nationales. Y sont également négociées des reproductions et/ ou des contestations du discours colonial, produisant des positions ambivalentes et des récits à la fois individuels et collectifs.
Certains des sujets pertinents sont liés aux questions suivantes : Quel rôle la presse coloniale a-t-elle joué pour les femmes en tant que collaboratrices actives et comment les activités domestiques, économiques, politiques et intellectuelles ont-elles été évaluées par les femmes ? Quels lieux leur étaient réservés et lesquels étaient difficiles d'accès? Étant donné qu'une part importante de la collaboration dans la presse coloniale provenait des femmes blanches de la classe moyenne, comment le « fardeau de la femme blanche » était-il incorporé (Burton, 1990) et comment étaient représentées les différentes constructions racialisées des femmes?
À partir d'études de cas ou de réflexions plus larges, nous avons l’intention de placer l'analyse de la présence des femmes dans la presse coloniale périodique dans une zone d'intersection entre les études sur le colonialisme et les études sur le genre et les femmes. En outre, et compte tenu de la rareté des études sur les femmes dans la presse coloniale de l'ancien empire portugais (Havstad 2016, Owen 2007), le dossier vise également à stimuler des approches comparatives avec des études sur les femmes dans la presse coloniale d'autres contextes linguistiques, comme l’anglophone, le francophone ou l’hispanique. Que la bibliographie ci-jointe constitue la première source d'inspiration ou de soutien à cet égard.
Références
Assmann, Aleida. 2011. Cultural Memory and Western Civilization: Functions, Media, Archives. Cambridge: Cambridge University Press.
Burton, Antoinette M. 1990. “The white woman's burden: British feminists and the Indian woman, 1865–1915”. Women's Studies International Forum (13: 4): 295-308.
Codell, Julie F., org. 2003. Imperial Co-histories: National Identities and the British and Colonial Press. Madison and Teaneck, NJ: Fairleigh Dickinson University Press; London: Associated University Press.
Brown, Megan. 2006. “A Literary Fortune: Mary Fortune's Life in the Colonial Periodical Press”. In The Unsociable Sociability of Women's Lifewriting, organizado por Anne Collett e Louise D'Arcens, 128-147. New York: Palgrave Macmillan.
García López, Ana Belén. 2011. “La participación de las mujeres en la independencia hispanoamericana a través de los medios de comunicación”. Historia y Comunicación Social (16): 33-49.
Havstad, Lilly. 2016. “Multiracial Women and the African Press in Post-World War II Lourenço Marques, Mozambique”, South African Historical Journal (68:3): 216, 390-414.
Helgesson, Stefan. 2011. Transnationalism in Southern African Literature: Modernists, Realists, and the Inequality of Print Culture. New York: Routledge.
Holdridge, Christopher. 2010. “Circulating the African Journal: The Colonial Press and Trans-Imperial Britishness in the Mid Nineteenth-Century Cape”. South African Historical Journal (62:3): 487-513.
Levine, Philippa, org. 2004. Gender and Empire. Oxford: Oxford University Press.
Mendonça, Fátima. 1989. Literatura moçambicana: a história e as escritas. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
Meléndez, Mariselle. 2002. “Representing Gender, Deviance, and Heterogeneity in the Eighteenth‐Century Peruvian Newspaper Mercurio Peruano”, In Colonialism Past and Present: The Politics of Reading and Writing about Colonial Latin American Texts Today, organizado por Alvaro Félix Bolaños e Gustavo Verdesio, 175‐195. New York: SUNY University Press, 2002.
Midgley, Claire, org. 1998. Gender and Imperialism. Manchester: Manchester University Press.
Owen, Hilary. 2007. Mother Africa, Father Marx: Women’s Writing of Mozambique 1948–2002. Lewisburg: Bucknell University Press.
Pereda, Alicia. 2003. “De las ‘damas melindrosas’ a las ‘señoritas amables’: las mujeres en la prensa mexicana a comienzos del siglo XIX”, Cuadernos americanos (100): 160‐180.
Poupeney Hart, Catherine. 2010. “Prensa periódica y letras coloniales”, Tinkuy 14.
Quirk, Denise P. 2003. “‘True Englishwomen’ and ‘Anglo-Indians’: Gender, National Identity, and Feminism in the Victorian Women's Periodical Press”. In: Imperial co-histories: national identities and the British and colonial press organizado por Julie F. Codell, 167-187. Madison, N.J.: Fairleigh Dickinson University Press.
Date limite de soumission
Soumission d'articles, avec le strict respect des directives de la revue présentées sur Http://www.apem-estudos.org/pt/page/submissao-de-artigos, jusqu'au 30 novembre de 2018 à apem1991@gmail.com. Les textes qui ne respectent pas les normes relatives à l’extension, à la mise en forme et à la citation ainsi qu’au référencement des sources bibliographiques ne seront pas retenus. Dans les quatre semaines après la date limite pour la réception, les auteurs/es recevront des informations sur les résultats du premier examen et sur le passage à l’étape suivante, c'est-à-dire la présentation de l’article, sous anonymat, à un examen scientifique par des pairs. La sortie de ce numéro est prévue en juin de 2019.
En plus des articles pour les dossiers thématiques, ex æquo accepte en permanence des contributions aux sections d’études des essais ainsi que des critiques de livres.