Transições democráticas, direitos das mulheres e igualdade de género – de onde partimos e onde estamos
Eds:
Rosa Monteiro, CES/Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Portugal
Flávia Biroli, ICP/Universidade de Brasília, Brasil
Mercedes Alcañiz Moscardó, Universidade Jaume I de Castelló, Espanha
PRAZO PARA A SUBMISSÃO DE ARTIGOS:
2 de junho de 2024 (a publicar em dezembro de 2024)
Resumo:
Se até ao início de 2000, como referiu Georgina Waylen (2003; 2007), a literatura sobre democratização foi cega à discriminação das mulheres e ao seu papel nas transições e consolidações democráticas, gradualmente tem crescido o interesse e trabalho feminista pela dimensão de género desses processos sociais e políticos fundacionais. É já considerável a literatura sobre género, política, liberdade, democracia e mulheres, considerando-se crescente esta dimensão de género como a pedra de toque destes processos, também pela ação dos normativos das organizações internacionais na promoção dos direitos das mulheres e antidiscriminação nos processos transicionais. Com efeito, os momentos de transição para a democracia constituem pontos de viragem críticos que moldam os regimes de género (Alonso, Ciccia, e Lombardo 2023), embora em muitos contextos como o português o espaço político para as mulheres e suas reivindicações tenha de ser conquistado (Monteiro 2011; 2013). No reverso, observamos hoje a contestação a regimes de género no centro da reação conservadora a regimes democráticos, com o crescimento do autoritarismo e populismo antiliberal (Biroli e Caminotti 2020).
No ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de abril de 1974, a revista ex ӕquo perfaz os seus 25 anos, e publica este seu número 50. Aproveitando a feliz coincidência deste 50-25-50, que simbolicamente associa este veículo dos estudos sobre as mulheres, feministas e de género, em Portugal, e o processo de democratização e os seus impactos nos regimes de desigualdades de género, bem como nos movimentos feministas, agendas e políticas públicas de igualdade, este dossiê temático pretende sublinhar a relação entre democracia, política e direitos das mulheres e de género. O objetivo é publicar trabalhos sobre transições democráticas, desigualdades, agentes e agendas, vozes incluídas e excluídas, e mobilizações políticas feministas nestes momentos críticos.
Com o facto comum de constituírem focusing events para a reivindicação, protagonismo e avanço das liberdades civis das mulheres e da luta contra a discriminação de género, face a regimes ditatoriais ou totalitários, os processos de transição democrática são marcados de especificidades históricas, locais, politico- religiosas e geográficas. É importante, portanto, interrogar e comparar a diversidade de experiências de opressão e sobre o papel e o espaço dos movimentos de mulheres antes, durante e após a queda das ditaduras, em países da Europa do Sul nos anos 1970, depois nas transições iberoamericanas nos anos 1980, nos países da Europa Central e de Leste, na década seguinte com a queda do Muro de Berlim e o colapso da União Soviética, ou nas Primaveras Árabes na década de 2010.
Interessa também perceber a transformação dos ambientes socioeconómicos, sociopolíticos e culturais nas décadas posteriores a 1980, com o aprofundamento da globalização, e da reestruturação socioeconómica decorrente da neoliberalização das sociedades (Alcañiz y Monteiro 2016).
Apontam-se seguidamente algumas das orientações de trabalho que se enquadram nestes objetivos:
- Feminismos e transições democráticas: dinâmicas de participação e institucionalização.
- Mobilizações e resistências feministas em contextos autocráticos e antifeministas.
- Direitos das mulheres, transições e consolidação democrática.
- Interseccionalidades: género, raça e classe, direitos e luta pela liberdade e pela justiça social
- Direitos LGBTQI+.
- A academia, as ciências sociais, os estudos sobre as mulheres, feministas e de género no debate crítico feminista nos e sobre os processos de democratização.
- A literatura e a escrita, a atividade artística de mulheres como lugares de resistência democrática.
- Atores, redes e organizações internacionais nos processos de transformação política.
- Partidos políticos, feminismos e as disputas em torno da agenda de direitos.
- Transições, políticas públicas e impacto no trabalho remunerado e não-remunerado das mulheres
- Organizações de mulheres, intervenções e posicionamentos: movimentos, ONG, “coletivos” e a diversidade das redes e estratégias.
- Posicionamentos e justiça de transição face ao legado de violações dos direitos humanos cometidos no passado pelo regime autoritário e repressivo, nomeadamente dos direitos humanos das mulheres e de outros grupos vulneráveis.
- Processos constitucionais e a construção de democracias quanto aos direitos das mulheres.
- Nacionalismos, novas direitas e relações sociais de género.
- O legado das transições: atores e agendas no contexto atual das disputas sobre género e de crise das democracias.
- A construção de estados e sociedades democráticas em contextos neoliberais.
Esta lista não pretende ser exaustiva. Encoraja-se a apresentação de outras propostas que se enquadrem no tema do dossiê. Aceitam-se textos em português, inglês, espanhol e francês.
Referências Bibliográficas
Alcañiz, Mercedes, e Rosa Monteiro. 2016. “She-austerity. Precariedad y desigualdad laboral de las mujeres em el sur de Europa.” Convergencia. Revista de Ciencias Sociales 72: 39-68. DOI: https://doi.org/10.29101/crcs.v0i72.4089
Alonso, Alba, Rossella Ciccia, e Emanuela Lombardo. 2023. “A Southern European model? Gender regime change in Italy and Spain.” Women’s Studies International Forum 98: 102737. DOI: https://doi.org/10.1016/j.wsif.2023.102737
Biroli, Flávia, e Mariana Caminotti. 2020. “The Conservative Backlash against Gender in Latin America.” Politics & Gender 16 (1: Special Symposium on Women's Parties). DOI: https://doi.org/10.1017/S1743923X20000045
Monteiro, Rosa. 2011. Feminismo de estado em Portugal: mecanismos, estratégias, políticas e metamorfoses. Tese de doutoramento em Sociologia. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e CES. Available on https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/16758
Monteiro, Rosa. 2013. “Feminismo de Estado Emergente na Transição Democrática em Portugal na Década de 1970.” Dados – Revista de Ciências Sociais 56(4): 841-866. DOI: https://doi.org/10.1590/S0011-52582013000400004
Waylen, Georgina. 2003. “Gender and Transitions: What do we know?” Democratization 10(1): 157-178. DOI: https://doi.org/10.1080/714000112
Waylen, Georgina. 2007. Engendering Transitions: Women's Mobilization, Institutions and Gender Outcomes. Oxford: Oxford University Press.
DATAS IMPORTANTES
Data limite de submissão: 2 de junho de 2024
Notificação das decisões de aceitação: 9 de setembro de 2024
Data limite para receção da versão revista: 29 de setembro de 2024
Data de publicação da revista: dezembro de 2024
Democratic transitions, women's rights and gender equality - where we've come from and where we are
Editors:
Rosa Monteiro, CES/School of Economics, University of Coimbra, Portugal
Flávia Biroli, ICP/University of Brasília, Brazil
Mercedes Alcañiz Moscardó, University of Jaume I of Castelló, Spain
DEADLINE:
June 2, 2024 (to be published in December 2024)
Summary
While until the early 2000s, as Georgina Waylen (2003; 2007) pointed out, the literature on democratisation was blind to discrimination against women and their role in democratic transitions and consolidations, since thenfeminist interest and work on the gender dimension of these foundational social and political processes has gradually grown. There is already a considerable body of literature on gender, politics, freedom, democracy and women, and this gender dimension is increasingly considered to be the cornerstone of these processes, also due to the action of international organisations' regulations to promote women's rights and anti-discrimination in transitional processes. In fact, the moments of transition to democracy are critical turning points that mould gender regimes (Alonso, Ciccia, & Lombardo, 2023), although in many contexts such as Portugal, the political space for women and their demands has yet to be conquered (Monteiro, 2011; 2013). On the flip side, today we see the contestation of gender regimes at the centre of the conservative reaction to democratic regimes, with the growth of authoritarianism and anti-liberal populism (Biroli and Caminotti, 2020).
In the year that marks the 50th anniversary of the Portuguese Revolution of 25 April 1974, the journal ex ӕquo celebrates its 25th anniversary and publishes its 50th issue. Taking advantage of the happy coincidence of 50-25-50, which symbolically links this vehicle for women's, feminist and gender studies in Portugal to the democratisation process and its impact on gender inequality regimes, as well as feminist movements, agendas and public equality policies, this thematic dossier aims to highlight the relationship between democracy, politics and women's and gender rights. The aim is to publish papers on democratic transitions, inequalities, agents and agendas, included and excluded voices, and feminist political mobilisations in these critical moments.
Having in common the fact that they are focusing events for the demand, protagonism and advancement of women's civil liberties and the fight against gender discrimination in the face of dictatorial or totalitarian regimes, the processes of democratic transition are marked by historical, local, politico-religious and geographical specificities. It is therefore important to interrogate and compare the diversity of experiences of oppression and the role and space of women's movements before, during and after the fall of dictatorships, in Southern European countries in the 1970s, then in Ibero-American transitions in the 1980s, in Central and Eastern European countries in the following decade with the fall of the Berlin Wall and the collapse of the Soviet Union, or in the Arab Springs in the 2010s.
It is also important to understand the transformation of socio-economic, socio-political and cultural environments in the decades after 1980, with the deepening of globalisation and the socio-economic restructuring resulting from the neoliberalisation of societies (Alcañiz y Monteiro, 2016).
The following list includes some of the topics that fall within these objectives:
- Feminisms and democratic transitions: dynamics of participation and institutionalisation.
- Feminist mobilisations and resistance in autocratic and anti-feminist contexts.
- Women's rights, democratic transitions and consolidation.
- Intersectionalities: gender, race and class, rights and the struggle for freedom and social justice.
- LGBTQI+ rights.
- Academia, the social sciences, women's, feminist and gender studies in the critical feminist debate in and on democratisation processes.
- Women’s literature, writing, and artistic activity as sites of democratic resistance.
- Actors, networks and international organisations in the processes of political transformation.
- Political parties, feminisms and disputes over the rights agenda.
- Transitions, public policies and the impact on women's paid and unpaid labour
- Women's organisations, interventions and positions: movements, NGOs, "collectives" and the diversity of networks and strategies.
- Positions and transitional justice in the face of the legacy of human rights violations committed in the past by authoritarian and repressive regimes, particularly the human rights of women and other vulnerable groups.
- Constitutional processes and the construction of democracies in terms of women's rights.
- Nationalisms, the new right and social gender relations.
- The legacy of transitions: actors and agendas in the current context of gender disputes and the crisis of democracies.
- The construction of democratic states and societies in neoliberal contexts.
This list is not intended to be exhaustive. Other proposals that fit the theme of the issue are encouraged. Texts will be accepted in Portuguese, English, Spanish and French.
References
Alcañiz, Mercedes, & Rosa Monteiro. 2016. “She-austerity. Precariedad y desigualdad laboral de las mujeres em el sur de Europa.” Convergencia. Revista de Ciencias Sociales 72: 39-68. DOI: https://doi.org/10.29101/crcs.v0i72.4089
Alonso, Alba, Rossella Ciccia, & Emanuela Lombardo. 2023. “A Southern European model? Gender regime change in Italy and Spain.” Women’s Studies International Forum 98: 102737. DOI: https://doi.org/10.1016/j.wsif.2023.102737
Biroli, Flávia, & Mariana Caminotti. 2020. “The Conservative Backlash against Gender in Latin America.” Politics & Gender 16 (1: Special Symposium on Women's Parties). DOI: https://doi.org/10.1017/S1743923X20000045
Monteiro, Rosa. 2011. Feminismo de estado em Portugal: mecanismos, estratégias, políticas e metamorfoses.
Tese de doutoramento em Sociologia. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e CES. Available on https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/16758
Monteiro, Rosa. 2013. “Feminismo de Estado Emergente na Transição Democrática em Portugal na Década de 1970.” Dados – Revista de Ciências Sociais 56(4): 841-866. DOI: https://doi.org/10.1590/S0011-52582013000400004
Waylen, Georgina. 2003. “Gender and Transitions: What do we know?” Democratization 10(1): 157- 178. DOI: https://doi.org/10.1080/714000112
Waylen, Georgina. 2007. Engendering Transitions: Women's Mobilization, Institutions and Gender Outcomes. Oxford: Oxford University Press.
IMPORTANT DATES
Submission deadline: June 2, 2024
Notification of acceptance decisions: September 9, 2024
Deadline for submission of the revised version by the authors: September 29, 2024
Publication date: December, 2024
Transiciones democráticas, derechos de las mujeres e igualdad de género – de donde partimos y a donde vamos
Editoras:
Rosa Monteiro, CES/Facultad de Economia de la Universidad de Coimbra, Portugal
Flávia Biroli, ICP/Universidad de Brasília, Brasil
Mercedes Alcañiz Moscardó, Universidad Jaume I de Castelló, Espanha
FECHA PARA SUMISIÓN DE ARTÍCULOS:
2 Junio 2024 (a publicar hasta diciembre de 2024)
Resumen
Si hasta al inicio del año 2000, como refiere Georgina Waylen (2003; 2007), la literatura sobre la democratización no tuvo en cuenta la discriminación y el papel de las mujeres en las transiciones y
consolidaciones democráticas, gradualmente ha crecido el interés y el trabajo feminista por la dimensión de género en dichos procesos sociales y políticos. Actualmente, es ya considerable la literatura sobre género, política, libertad, democracia y mujeres, considerándose la dimensión de género como una dimensión central en estos procesos. También se tiene en cuenta la acción de las normativas de las organizaciones internacionales en la promoción de los derechos de las mujeres y la no discriminación en los procesos transicionales. Como resultado, en los procesos de transición a la democracia constituyen puntos de inflexión que conforman los regímenes de género (Alba Alonso, Ciccia, y Emanuela Lombardo 2023), aunque en muchos contextos como el portugués, el espacio político para las mujeres y sus demandas deba ser conquistado (Monteiro 2011; 2013). Por contra, observamos que se produce hoy una contestación a la igualdad de género producida en el entorno de una reacción conservadora a los regímenes democráticos, con el crecimiento del autoritarismo y el populismo antiliberal (Biroli y Caminotti 2020).
En el año en que se celebran los 50 años del 25 de abril de 1974, la revista exaequo celebra sus 25 años y publica su número 50. Aprovechando esta feliz coincidencia 50-25-50, que simbólicamente asocia los estudios sobre las mujeres, feministas y de género, en Portugal, así como el proceso de democratización y sus impactos en los regímenes de desigualdades de género, tanto en los movimientos feministas como en las agendas y políticas públicas de igualdad, este dossier temático pretende destacar la relación entre la democracia, la política y los derechos de las mujeres y de género. El objetivo es publicar trabajos sobre transiciones democráticas, desigualdades, agentes y agendas, voces incluidas y excluidas, y movilizaciones políticas feministas en estos momentos críticos.
Con el factor común de constituir focusing events para la reivindicación, el protagonismo y el avance de las libertades civiles de las mujeres y de la lucha contra la discriminación de género frente a regímenes dictatoriales o totalitarios, los procesos de transición democrática están marcados por especifidades históricas, locales, político-religiosas y geográficas. Es importante, por tanto, interrogar y comparar la diversidad de las experiencias de opresión en lo que respecta al papel y al espacio de los movimientos de mujeres antes, durante y después de la caída de las dictaduras en países del sur de Europa en los años 70, después en las transiciones iberoamericanas de los años 80, en los países de Europa Central y del Este en la década siguiente a la caída del Muro de Berlín y el colapso de la Unión Soviética o en las Primaveras Árabes de la década de 2010.
Interesa también conocer la transformación de los contextos socioeconómicos, sociopolíticos, y culturales en las décadas posteriores a 1980, con la expansión de la globalización y de la reestructuración socioeconómica relacionada con el proceso neoliberal que está ocurriendo en las sociedades (Alcañiz y Monteiro 2016).
La siguiente lista incluye algunos de los temas incluidos en estos objetivos:
- Feminismos y transiciones democráticas: dinámicas de participación e institucionalización.
- Movilizaciones y resistencias feministas en contextos autocráticos y antifeministas.
- Derechos de las mujeres, transiciones democráticas y consolidación.
- Interseccionalidades: género, raza y clase, derechos y lucha por la libertad y la justicia social.
- Derechos LGBTQI+.
- El mundo académico, las ciencias sociales, los estudios sobre la mujer, de género y feministas en el debate feminista crítico en y sobre los procesos de democratización.
- La literatura y la escritura, laactividad artística de las mujeres como lugares de resistencia democrática.
- Actores, redes y organizaciones internacionales en los procesos de transformación política.
- Partidos políticos, feminismos y disputas por la agenda de derechos.
- Transiciones, políticas públicas e impacto en el trabajo remunerado y no remunerado de las mujeres.
- Organizaciones, intervenciones y posiciones de las mujeres: movimientos, ONG, "colectivos" y la diversidad de redes y estrategias.
- Posiciones y justicia transicional anteel legado de violaciones de los derechos humanos cometidas en el pasado por regímenes autoritarios y represivos, en particular los derechos humanos de las mujeres y otros grupos vulnerables.
- Procesos constitucionales y construcción de democracias en clave de derechos de las mujeres.
- Nacionalismos, nueva derecha y relaciones sociales de género.
- El legado de las transiciones: actores y agendas en el actual contexto de disputas de género y crisis de las democracias.
- La construcción de estados y sociedades democráticos en contextos neoliberales.
Esta lista no pretende ser exhaustiva. Por tanto, también son bienvenidas otras propuestas que se enmarquen en el tema del dosier. Se aceptan textos en portugués, inglés, español y francés.
Referencias
Alcañiz, Mercedes, y Rosa Monteiro. 2016. “She-austerity. Precariedad y desigualdad laboral de las mujeres em el sur de Europa.” Convergencia. Revista de Ciencias Sociales 72: 39-68. DOI: https://doi.org/10.29101/crcs.v0i72.4089
Alonso, Alba, Rossella Ciccia, y Emanuela Lombardo. 2023. “A Southern European model? Gender regime change in Italy and Spain.” Women’s Studies International Forum 98: 102737. DOI: https://doi.org/10.1016/j.wsif.2023.102737
Biroli, Flávia, y Mariana Caminotti. 2020. “The Conservative Backlash against Gender in Latin America.” Politics & Gender 16 (1: Special Symposium on Women's Parties). DOI: https://doi.org/10.1017/S1743923X20000045
Monteiro, Rosa. 2011. Feminismo de estado em Portugal: mecanismos, estratégias, políticas e metamorfoses.
Tese de doutoramento em Sociologia. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e CES. Available on https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/16758
Monteiro, Rosa. 2013. “Feminismo de Estado Emergente na Transição Democrática em Portugal na Década de 1970.” Dados – Revista de Ciências Sociais 56(4): 841-866. DOI: https://doi.org/10.1590/S0011-52582013000400004
Waylen, Georgina. 2003. “Gender and Transitions: What do we know?” Democratization 10(1): 157- 178. DOI: https://doi.org/10.1080/714000112
Waylen, Georgina. 2007. Engendering Transitions: Women's Mobilization, Institutions and Gender Outcomes. Oxford: Oxford University Press.
FECHAS IMPORTANTES
Plazo de presentación: 2 de Junio de 2024
Notificación de las decisiones de aceptación: 9 de Septiembre de 2024
Fecha límite para la presentación de la versión revisada: 29 de Septiembre de 2024
Fecha de publicación de la revista: Diciembre de 2024
Transitions démocratiques, droits des femmes et égalité de genre – d'où nous sommes partis et où nous en sommes aujourd'hui
Editoras:
Rosa Monteiro, CES/Faculté d´Économie de l'Université de Coimbra, Portugal
Flávia Biroli, ICP/Université de Brasília, Brésil
Mercedes Alcañiz Moscardó, Université Jaume I de Castelló, Espagne.
DATE LIMITE POUR LA SOUMISSION DES ARTICLES
15 Janvier 2024 (à publier jusqu’au juin 2024)
Cadre de référence
Alors que jusqu'au début des années 2000, comme le souligne Georgina Waylen (2003 ; 2007), la littérature sur la démocratisation était aveugle à la discrimination à l'égard des femmes et à leur rôle dans les transitions et les consolidations démocratiques, l'intérêt et le travail féministes sur la dimension de genre de ces processus sociaux et politiques fondamentaux se sont progressivement développés. Il existe déjà une littérature considérable sur le genre, la politique, la liberté, la démocratie et les femmes, et cette dimension de genre est de plus en plus considérée comme la pierre angulaire de ces processus, notamment en raison de l'action des réglementations des organisations internationales visant à promouvoir les droits des femmes et la lutte contre la discrimination dans les processus de transition. En fait, les moments de transition vers la démocratie sont des tournants critiques qui façonnent les régimes de genre (Alonso, Ciccia et Lombardo 2023), bien que dans de nombreux contextes, comme au Portugal, l'espace politique pour les femmes et leurs demandes doit encore être conquis (Monteiro 2011 ; 2013). À l’inverse, nous voyons aujourd'hui la contestation des régimes de genre au centre de la réaction conservatrice aux régimes démocratiques, avec la croissance de l'autoritarisme et du populisme antilibéral (Biroli et Caminotti 2020).
En cette année, qui marque le 50e anniversaire du 25 avril 1974, la revue ex ӕquo célèbre son 25e anniversaire et publie son 50º numéro. Profitant de l'heureuse coïncidence 50-25-50, qui lie symboliquement les Etudes sur les Femmes, Féministes et de Genre au Portugal au processus de démocratisation et à son impact sur les régimes d'inégalité de genre, ainsi qu'aux mouvements féministes, aux agendas et aux politiques publiques d'égalité, ce dossier thématique vise à mettre en lumière la relation entre la démocratie, la politique et les droits des femmes et du genre. L'objectif est de publier des articles sur les transitions démocratiques, les inégalités, les agents et les programmes, les voix incluses et exclues, et les mobilisations politiques féministes dans ces moments critiques.
Bien qu'ils aient été des événements centraux pour la revendication, le protagoniste et l'avancement des libertés civiles des femmes et la lutte contre la discrimination de genre face à des régimes dictatoriaux ou totalitaires, les processus de transition démocratique sont marqués par des spécificités historiques, locales, politico-religieuses et géographiques. Il est donc important d'interroger et de comparer la diversité des expériences d'oppression et le rôle et l'espace des mouvements de femmes avant, pendant et après la chute des dictatures, dans les pays d'Europe du Sud dans les années 1970, puis dans les transitions ibéro- américaines dans les années 1980, dans les pays d'Europe centrale et orientale dans la décennie suivante lors la chute du mur de Berlin et l'effondrement de l'Union soviétique, ou encore lors des printemps arabes dans les années 2010.
Il est également intéressant de comprendre la transformation des environnements socio-économiques, socio- politiques et culturels dans les décennies postérieures à 1980, avec l'approfondissement de la mondialisation et la restructuration socio-économique résultant de la néolibéralisation des sociétés (Alcañiz y Monteiro 2016).
La liste suivante comprend quelques-uns des sujets qui relèvent de ces objectifs:
- Féminismes et transitions démocratiques : dynamiques de participation et d'institutionnalisation.
- Mobilisations et résistances féministes dans des contextes autocratiques et antiféministes.
- Droits des femmes, transitions démocratiques et consolidation.
- Intersectionnalité : genre, race et classe, droits et lutte pour la liberté et la justice sociale.
- Droits LGBTQI+.
- Le monde universitaire, les sciences sociales, les études féminines, féministes et de genre dans le débat féministe critique dans et sur les processus de démocratisation.
- La littérature et l'écriture, l'activité artistique des femmes en tant que sites de résistance démocratique.
- Acteurs, réseaux et organisations internationales dans les processus de transformation politique.
- Partis politiques, féminismes et conflits sur l'agenda des droits.
- Transitions, politiques publiques et impact sur le travail rémunéré et non rémunéré des femmes.
- Organisations, interventions et positions des femmes : mouvements, ONG, "collectifs" et diversité des réseaux et des stratégies.
- Positions et justice transitionnelle face à l'héritage des violations des droits de l'homme commises dans le passé par des régimes autoritaires et répressifs, en particulier les droits humains des femmes et d'autres groupes vulnérables.
- Les processus constitutionnels et la construction des démocraties en termes de droits des femmes.
- Nationalismes, nouvelle droite et rapports sociaux de genre.
- L'héritage des transitions : acteurs et agendas dans le contexte actuel des conflits de genre et de la crise des démocraties.
- Construire des États et des sociétés démocratiques dans des contextes néolibéraux.
Cette liste n’est pas exhaustive. Toute autre proposition liée au thème du dossier pourra donc être soumise. Les textes pourront être écrits en portugais, en anglais, en espagnol ou en français.
Références
Alcañiz, Mercedes, et Rosa Monteiro. 2016. “She-austerity. Precariedad y desigualdad laboral de las mujeres em el sur de
Europa.” Convergencia. Revista de Ciencias Sociales 72: 39-68. DOI: https://doi.org/10.29101/crcs.v0i72.4089
Alonso, Alba, Rossella Ciccia, et Emanuela Lombardo. 2023. “A Southern European model? Gender regime change in Italy
and Spain.” Women’s Studies International Forum 98: 102737. DOI: https://doi.org/10.1016/j.wsif.2023.102737
Biroli, Flávia, et Mariana Caminotti. 2020. “The Conservative Backlash against Gender in Latin America.” Politics & Gender 16 (1: Special Symposium on Women's Parties). DOI: https://doi.org/10.1017/S1743923X20000045
Monteiro, Rosa. 2011. Feminismo de estado em Portugal: mecanismos, estratégias, políticas e metamorfoses. Tese de doutoramento em Sociologia. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e CES. Available on https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/16758
Monteiro, Rosa. 2013. “Feminismo de Estado Emergente na Transição Democrática em Portugal na Década de 1970.” Dados– Revista de Ciências Sociais 56(4): 841-866. DOI: https://doi.org/10.1590/S0011-52582013000400004
Waylen, Georgina. 2003. “Gender and Transitions: What do we know?” Democratization 10(1): 157-178. DOI: https://doi.org/10.1080/714000112
Waylen, Georgina. 2007. Engendering Transitions: Women's Mobilization, Institutions and Gender Outcomes. Oxford: Oxford University Press.
LES DATES IMPORTANTES
Date limite de soumission : 2 juin 2024
Notification des décisions d'acceptation : 9 septembre 2024
Date limite de soumission de la version finale : 29 septembre 2024
Date de publication : décembre 2024